FCC  Facebook Twitter Youtube instagram fcc

Marca GOV 110px

"A Independência do Brasil pelas Províncias de Santa Catarina e de São Pedro do Sul" é o título do novo livro do jornalista e historiador Nelson Adams Filho, membro do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina. O lançamento da obra ocorre no próximo dia 30, quinta-feira, a partir das 17h, na Biblioteca Pública de Santa Catarina, com participação aberta ao público.

A pesquisa aborda como transcorreu a Independência nas duas províncias: os documentos que registram os fatos; os movimentos contrários à separação; as personagens pró e contra e a participação da Maçonaria. Nelson Adams Filho localizou na Biblioteca Pública de Santa Catarina documentos que revelam detalhes dessas ações. As Atas dos Termos de Vereança e Aclamação da Independência e de Dom Pedro I, futuro Imperador, das Vilas de Nossa Senhora do Desterro, São Francisco do Sul, Laguna e Lages, em 12 de outubro de 1822. Os ritos desses eventos e a nominação dos participantes. Documentos históricos de 200 anos dessas localidades e que se acham arquivados na BPSC, setor de Obras Raras.

A pesquisa segue os trâmites da Nova História, corrente historiográfica atual da História, surgida a partir dos anos 70, e através da qual é preciso contextualizar e entender as ações e os interesses que irão compor a História. Embora o que ainda se tenha até hoje, mantido e ensinado principalmente pelos livros didáticos, é uma História da Independência do Brasil defasada no mínimo 150 anos, pois as ações e os fatos até então registrados não correspondem à realidade.

O trabalho aborda também a participação da Maçonaria no processo da Independência com base em documentação localizada pelo historiador. Consegue-se constatar a existência do movimento maçônico já em 1822, tanto em Santa Catarina, quanto no Rio Grande do Sul. Retroage-se, assim, nove anos nos marcos históricos de 1831 das duas províncias, pois já em 1822, ou até mesmo antes, o sentimento maçônico vicejava nas regiões, embora sem a formalização de uma loja maçônica. O brigadeiro português Alexandrino José Tinoco da Silva, no caso de Santa Catarina, e o deputado provincial Francisco Xavier Ferreira, em São Pedro do Sul, são as personagens principais nesse movimento maçônico.

Nas pesquisas referentes à Província de São Pedro do Sul, o historiador encontrou farta documentação junto ao Arquivo Público e ao Arquivo Histórico do RS, e na Maçonaria.

FAKES E HISTÓRIA DEFASADA

A pesquisa de Nelson Adams Filho registra ainda os “fakes” da História da Independência, provenientes dessa história defasada que apresenta momentos, atos, atitudes, ações que não correspondem à realidade. Uma história a serviço dos interesses de um determinado período da História do Brasil. Por exemplo, Pedro I era contrário à separação até meados de 1822, atitude expressa ao pai, Dom João VI, nas cartas que lhe escreveu. Forçado pela iminência da separação, o futuro Imperador aderiu pouco antes do teatral 7 de setembro. Mas isso não fica registrado na dita “História Oficial” da Independência.

José Bonifácio, por sua vez, também era contrário e só aderiu à causa quando as Cortes portuguesas suspenderam o polpudo salário que recebia, mesmo já morando no Brasil. Em sua passagem relâmpago pela Maçonaria, onde foi Grão Mestre, Bonifácio defendia uma Independência monárquica, enquanto outros líderes maçons como Joaquim Gonçalves Ledo, José Clemente Pereira, Cônego Januário, Joaquim Rocha, uma separação republicana. Nesse aspecto, Nelson Adams Filho aborda o “esquecimento” ou “apagamento” dessas personagens da História por interesses.

Também se enquadra nesse quadro de “fakes” em relação a Bonifácio, um homem erudito, sua nomeação de “Patriarca da Independência”, título que nunca existiu oficialmente. Mas que passa a ter validade pelo Estado do Brasil em 2018 que o reconhece agora como “Patrono da Independência”.

A pesquisa e o livro também abordam o quadro de Pedro Américo sobre o teatral 7 de setembro e o Grito do Ipiranga, uma cena nem perto da realidade composta pelo pintor, e em que há vários erros de informação.

A capa do livro, o 10º da trajetória de historiador de Nelson Adams Filho, retrata em detalhes históricos pesquisados, o dia 12 de outubro de 1822 na Vila de Nossa Senhora do Desterro, data da Aclamação da Independência e de Pedro I. A imagem é de autoria da artista plástica Cibele Souto Amade.