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local: MASC
Organizador: MASC
Valor(es): entrada franca
Horário: Abertura : 26/06/2008, às 19:30h Visitação: 27/06 a 27/07/2008, das 13:00h às 21:00h, de terça a domingo.

Para introduzir essa retrospectiva, parece-me forçoso apelar às reminiscências,  já que presenciei o início da carreira do pintor Tércio da Gama, artista tão representativo da sua geração. E as reminiscências me dizem que tal geração, em Florianópolis, não praticava apenas a arte de desenhar, de pintar, ou de fazer tapeçarias (no caso, de Pedro Paulo Vecchietti). Já instruídos nos embates do movimento modernista que, pela época, ainda oscilava com polêmica entre a figuração e o concretismo, os artistas plásticos catarinenses, tendo como epicentro ideológico e referencial a revista Sul, experimentavam o gosto pela promoção cultural, pela prática da militância, pelo exercício da ilustração, sobretudo de poemas. Foram colaboradores daquela revista pioneira e, na verdade, única entre nós.

O diálogo com os homens de letras era contínuo. Processava-se com consistência. As discussões nunca arrefeciam; as descobertas pessoais eram aventadas, emuladas ou tratadas com reserva.  Van Gogh permanecia o pólo. O referente do horizonte meditativo. O fovismo emprestava-lhes as cores mais ousadas e as combinações arbitrárias que a falta de regras exigia. Por mais que, no decorrer de suas carreiras, se dispusesse a testar mídias artísticas, essa geração permaneceu fiel ao império da pintura. Não só por ser um veículo maleável, mas também, por ser oportuno para o desborde de sensibilidades particulares, para as quais o modernismo possível representava o limite das aspirações.

Não há mistério na pintura que se praticou; apenas o fascínio da cor e o encantamento diante de uma dupla vertente de interesse, a saber,  o clima local e a conquista plástica. Foi assim que Tércio da Gama se destacou. No armazém da história recente da arte foi buscar as regências que, às vezes discrepantes, através de uma consciente vontade artística, haveria de tomar rumos idiosincrásicos e se transformaria em linguagem vigorosa, tônica. Pessoal: foi assim também que ele, ao atravessar tantos interesses expressivos, conseguiu ser fiel a si mesmo. Até chegar à atual “maneira”. Dela faz parte vasta reserva de visão caleidoscópica: a captura de um mundo em plena fragmentação e justaposição de objetos, repertório efusiante e vital: animal, vegetal, folclórico. Freqüentes vezes aglutinados sob a ação da matéria pictórica, cada vez mais densa e “folheada”, sedimentar. E por toques de luz a que não faltam os passes e transpasses, segundo um construtivismo peculiar que lembra o de Klimt. Tércio, artista compulsivo e rápido no gatilho, por outras vezes recorre a uma organização próxima à das engrenagens de um relógio mecânico. Usa a circularidade e os movimentos virtuais giratórios que a compartimentação lhe proporciona, auxiliado por pequenas manchas por assim dizer moleculares. Escapando ao maneirismo e ao decorativo por uma impulsividade que é de fato expressionista, cuja soltura mostra-se irrefreável e ao mesmo tempo regulada, realiza uma pintura de interpenetração, de fusão, próxima a questões que a ciência atual coloca.

Há, também, apesar da matéria pictórica, algo de tecido: mostruário de imagens em que o linear e o pictórico dialogam, quando apresenta insígnias ou mandalas;  formas de ferro forjado, mil flores de pesos de cristal, radiações e relações matemáticas que regem uma inventividade inesgotável de padrões, cortados por listas verticais e relações cromáticas de alta voltagem, a que não faltam acordes paradoxais e  emprego de cores “perigosas” que respondem, por exemplo, às de Beatriz Milhazes. A pintura de Tércio, semelhante aos quebra-cabeças ou às palavras cruzadas, impõe uma decifração lúdica que, ao esconder e ao revelar o lado críptico da natureza, traz à baila um vitalismo que se impõe ao espectador como sugestão alucinatória. Tércio, pintor do fervilhante, pintor da vida.

Expor nessa retrospectiva, cinqüenta anos da sua pintura é tarefa que o MASC encarou como deferência legítima a um dos artistas mais vigorosos e constantes  de Santa Catarina.

João Evangelista de Andrade Filho

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