Sérgio de Carvalho e Marco Antonio Rodrigues - Publicado na Folha de S. Paulo
16.04.2008
O debate sobre a extinção da Lei Rouanet tem mobilizado setores importantes da sociedade brasileira. Parte da classe artística, secretários de governo e jornalistas têm assumido o ponto de vista "reformar, sim, acabar, nunca!".
De fato, a Lei Rouanet tem se mostrado uma força miraculosa em seus 17 anos de vida. Basta dizer que mudou a paisagem da avenida Paulista, em São Paulo, ao fazer surgir uma dezena de centros culturais. Curiosamente, instituições com nomes de bancos, que elogiam o espírito abnegado da instituição financeira. Seu nascimento está ligado à caneta do presidente Collor de Mello, em 1991. Tinha, então, um nobre objetivo pré-iluminista: incentivar o mecenato. Só que a aristocracia do passado contratava diversão com recursos do próprio bolso. Já a Lei Rouanet está mais afinada com a cartilha liberal-conservadora de sua época: "O Estado deve intervir o mínimo, a sociedade deve se autogerir, mas, para isso, é preciso uma ajudazinha".
Todo o poder miraculoso da lei tem a ver com seu mecanismo simples: ela autoriza que empresas direcionem valores que seriam pagos como impostos para a produção cultural.
A idéia parece boa, mas contém um movimento nefasto: verbas públicas passam a ser regidas pela vontade privada das corporações, aquelas com lucro suficiente para se valer da renúncia fiscal e investir na área.
Assim, os diretores de marketing dos conglomerados adquirem mais poder de interferir na paisagem cultural do que o próprio ministro da Cultura. E exercem tal poder segundo os critérios do marketing empresarial. O estímulo aos agentes privados resulta em privatismo.
Diante da grandeza do fundo social mobilizado desde 1991 (da ordem de R$ 1 bilhão só no ano de 2007), é possível compreender a gritaria das últimas semanas. Por trás da defesa da Lei Rouanet, há maciços interesses. Não só os das instituições patrocinadoras, que aprenderam a produzir seus eventos culturais, mas os da arte de índole comercial (feita para o agrado fácil), que ganha duas vezes -na produção e na circulação-, na medida em que os ingressos seguem caríssimos.
Os maiores lucros, contudo, ficam com os intermediários. De um lado, as empresas de comunicação, cujos anúncios pagos constituem gigantesca fonte de renda, em média 30% dos orçamentos. De outro, a casta dos "captadores de recursos", gente que embolsou de 10% a 20% do bilhão do ano passado apenas por ter acesso ao cafezinho das diretorias de empresas.
Como não há julgamento da relevância cultural na atribuição dos certificados que habilitam o patrocínio, a lei miraculosa abriu as portas dos nossos teatros às megaproduções internacionais, que ganham mais aqui do que em seus países de origem.
O caso do Cirque du Soleil, com seus R$ 9 milhões de dinheiro público e ingressos a R$ 200, está longe de ser exceção. Ao contrário, é a norma de um sistema em que o Estado se exime de julgar a qualidade em nome do ideal liberal de tratar os agentes desiguais como iguais e "conter o aparelhamento político da cultura".
O pressuposto filosófico do debate foi revelado pelo secretário da Cultura de São Paulo, João Sayad: "Antigamente, numa era religiosa, o natural era a coisa criada por Deus. Hoje, o natural é o que dá lucro".
Ao defender o subsídio contra o mercado excludente, assume a impotência do Estado e endossa a idéia de naturalidade (portanto, imutabilidade) do império do capital sobre qualquer coisa que já se chamou "vida". Uma reforma da Lei Rouanet incapaz de impedir o controle privado de recursos públicos não faz sentido.
O Estado pode estimular a generosidade humanista dos empresários com renúncia fiscal, mas não pode deixar de regular a distribuição do fundo social com regras claras de concorrência pública. Não parece óbvio? Então, por que não enfrentar o debate sobre valores culturais?
Por que contribuir para a universalização da lógica mercantil? O "aparelhamento político da cultura" pode ser questionado em público. O desejo unilateral de um gerente de marketing, não.
Num passado recente, o governo Lula sacrificou seus membros para não enfrentar a tropa de elite da mídia eletrônica. Estava em questão a exigência de "contrapartida social" no patrocínio das estatais.
Sua disposição conciliatória pode, de novo, impedir uma transformação maior, rumo a uma cultura livre, pensada como direito de todos. Mas qualquer mudança exige, no mínimo, considerar a hipótese de que a realidade e o mercado não são uma coisa só.
* Sérgio de Carvalho é diretor da Companhia do Latão e professor de dramaturgia da USP.
** Marco Antonio Rodrigues é diretor e um dos fundadores do Folias, companhia teatral.
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26 de abril de 2008.
Jornal A Notícia / Cultura
Artistas de Joinville reivindicam novas melhorias a Anita Pires
A nova presidente da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), Anita Pires, teve um encontro com a classe artística de Joinville e região na quinta-feira. O encontro foi realizado na Secretaria de Desenvolvimento Regional (SDR) e estiveram presentes 50 pessoas, entre eles nomes como o cineasta Henrique Tobal e o presidente da Associação Joinvilense de Teatro (Ajote), Silvestre Ferreira.
A reunião foi o primeiro contato de Anita com os artistas locais, e deve se repetir em outras regiões do Estado. "Queremos conhecer as dificuldades e sugestões que a classe tem para, a partir daí, promover melhorias", explicou a presidente. Durante uma hora e meia, Anita ouviu as reivindicações do grupo, e respondeu o que poderia ser feito para dar mais fôlego à cultura.
Entre as solicitações mais abordadas, esteve a discussão de novas políticas e diretrizes para os editais de apoio à cultura. Grande parte dos artistas reclamou que os grupos se sentem desanimados para encaminhar projetos, pois os critérios de seleção não são claros. Além disso, eles pedem também uma desburocratização no encaminhamento dos projetos e mais rapidez para que, se aprovados, os recursos sejam liberados. "Muitas vezes as empresas cobram onde está o projeto por conta dessa demora, e passam a não acreditar mais no sistema", disseram.
Uma das sugestões, ainda relacionada aos editais, foi a produção de uma cartilha para que o artista saiba como montar o documento para acessar o benefício. Anita sugeriu uma consultoria que seja destacada somente para cuidar dessas questões, e também pediu a auxílio do Conselho Municipal de Cultura para que as questões sejam sanadas com mais rapidez.
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15 de abril de 2008. Jornal A Notícia
CulturaNos passos da antecessoraAnita Pires assume a Fundação Catarinense de cultura com a proposta de ouvir a classeAnita Pires assume hoje a presidência da Fundação Catarinense de Cultura (FCC) no lugar de Elisabete Anderle, que morreu há um mês. A solenidade ocorre às 15 horas, na sala de cinema do Centro Integrado de Cultura (CIC), onde funciona a sede da FCC. Há expectativa e receio na classe cultural.
Depois de amargarem em uma seqüência de gestões de presidentes da fundação que trabalharam de portas fechadas, os produtores e artistas tiveram um alento em Elisabete, que soube ouvir e encaminhar as necessidades da área.
Anita assume o cargo com a proposta de seguir os passos da antecessora. Vai fazer, no segundo semestre, oito fóruns regionais como forma de "estabelecer políticas para a cultura". Nos encontros dos administradores públicos de cultura e da classe artística no Estado, predominou a reivindicação dos editais por áreas, assim como está ocorrendo com o setor do cinema.
Segundo avalia o secretário de Cultura, Esporte e Turismo, Gilmar Knaesel, a realização de editais é a melhor política para o setor, mas é incisivo ao declarar que "cabe ao Conselho Estadual de Cultura decidir sobre o assunto". Entre os editais, o único que está sendo realizado é o de cinema. Já o Prêmio Cruz e Sousa, o edital de literatura, não é lançado desde 2002. Knaesel promete que a próxima edição do prêmio que estava sendo articulado por Elisabete será reeditada este ano.
Em relação ao prédio do CIC, onde funciona o cinema, museus, orquestra sinfônica, teatro, oficinas de arte e sede da FCC, Knaesel diz que o projeto para a reforma do prédio fica pronto em dez dias. O custo será de R$ 8 milhões, dinheiro que virá da lei federal de incentivo à cultura.
Mais ajustada ao setor empresarial, Anita diz que se sente à vontade para tocar um projeto promissor na fundação e enxerga no "turismo cultural uma forma de alavancar os dois setores no Estado, assim como ocorre nos países desenvolvidos". A presidente da FCC acredita na diversidade cultural, em suas etnias, como forma não só de promover e resgatar a cultura catarinense, mas também como fator de riqueza.
Para estes projetos, Anita utiliza a experiência na área. Já no início dos anos 1990, começou as relações com a Itália em missões culturais e fundou e coordenou o Fórum de Desenvolvimento Regional. De 2002 a 2006, foi secretária adjunta da Secretaria de Estado do Planejamento e diretora nacional do Projeto Meu Lugar, parceria do governo catarinense com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.
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Quem é anita |
Presidente da ONG FloripAmanhã desde 2006, a empresária e peemedista Anita Pires é educadora e assistente social, com especialização em políticas sociais na França. Foi secretária de Educação de Florianópolis e suplente de deputado federal. No governo do Estado, foi secretária adjunta de Planejamento. |