A Fundação Catarinense de Cultura (FCC) inaugurou no dia 19 de fevereiro de 2008 o Centro de Disseminação Cultural do Governo do Estado de Santa Catarina. Fruto de parceria entre FCC e Santur, ele funcionará na Casa da Alfândega, prédio histórico instalado na região central de Florianópolis. Receberá exposições com trabalhos representativos das diferentes etnias catarinenses, palestras e oficinas de culinária típica, e abrigará ainda um posto de informações turísticas, com mapas e folderes das diferentes regiões de Santa Catarina.
"Nosso objetivo é difundir a cultura catarinense", afirma a presidente da FCC, Elisabete Anderle. O Centro, que funcionará de segunda a sexta, das 13h às 19h, foi montado em uma parte da Casa da Alfândega que permanecia fechada, junto ao local onde continuará funcionando normalmente a venda de artesanato. O espaço passou por uma restauração, e ganhou mobiliário novo, com design de interiores que permitirá apresentações musicais, além das palestras e oficinas culinárias, que deverão ser realizadas todas as quintas-feiras.
Para a inauguração do Centro, foi escolhida como primeiro tema a etnia açoriana, em comemoração aos 260 anos de imigração. Para tanto, foi feita parceria com a Casa dos Açores da Ilha de Santa Catarina, presidida por Carin Machado, e que funciona como representação oficial dos Açores em Santa Catarina. Cultura, gastronomia, literatura açoriana serão abordados na exposição "A ponte entre o passado e o presente do nosso povo", que será aberta na mesma solenidade, e que poderá ser visitada até 12 de maio.
Em seguida, será proferida a palestra "Açores e Santa Catarina: uma ligação de 260 anos", com o professor Sérgio Luiz Ferreira. Doutor em história cultural pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Sérgio defendeu em 2006 sua tese "Nós não somos de origem - Populares de ascendência açoriana e africana numa freguesia do Sul do Brasil (1780-1960)". Na palestra, irá discorrer sobre a presença dos açorianos no litoral catarinense, sua importância para a efetivação do domínio português do Sul do Brasil e sua contribuição para a constituição do mosaico cultural catarinense.
O QUê: Inauguração do Centro de Disseminação Cultural, abertura da exposição "A ponte entre o passado e o presente do nosso povo", e palestra "Açores e Santa Catarina: uma ligação de 260 anos"
QUANDO: terça-feira, dia 19 de fevereiro, às 17 horas
ONDE: Casa da Alfândega, Rua Conselheiro Mafra, 141, Centro, Florianópolis, fone: (48) 3028-8101.
A Fundação Catarinense de Cultura (FCC), lançou seis livros nesta quarta-feira, dia 6, no Espaço Oficinas do Centro Integrado de Cultura (CIC), em Florianópolis.
Integrantes da Coleção Experimento, com selo das Oficinas de Arte da FCC, foram lançados os títulos "etc é ter ás", de Vinícius Alves, "A Conquista - entregando-se ao prazer", de Aline Gallina, e "Páginas Esparsas", de Roberto Terra Costa, em edições artesanais, de pequena tiragem, com exemplares numerados e assinados pelo autor. Impressos por Zé Fagundes, as obras têm palavras e imagens, intermediadas com o planejamento gráfico do editor, Jayro Schmidt.
Já os livros "O lugar do escritor - Ensaio sobre Emil Cioran", "16 Ensaios sobre poesia, ficção e artes plásticas" e "Insignuações - ensaios sobre filosofia da arte e da literatura", pertencem à Coleção Ensaio, com selo das Oficinas de Arte da FCC em parceria com a Bernúncia Editora.
"O lugar do escritor - Ensaio sobre Emil Cioran", de Renato Tapado, vale-se de apurado espírito crítico para iluminar uma personagem ainda pouco conhecida no cenário cultural brasileiro: o escritor romeno Emil Cioran, autor de mais de uma dezena de títulos. Renato Tapado, autor também de "Mínimas", e responsável pela assinatura da tradução de "O poeta em Nova Iorque", de García Lorca, parte de uma inquietação comum a diversos ensaios contemporâneos sobre a arte da literatura: qual é o lugar do escritor em nossa sociedade? A personagem, um autor, alvo dos questionamentos do ensaísta, contribui com a complexidade da dúvida. Nascido em 1911 e morto em 1995, em tudo se distancia do atual mercado livreiro, voltado cada vez mais à construção de autores- celebridades, premiados em eventos a cada ano mais presentes nas capas dos cadernos culturais. Polêmico, acredita apenas na literatura legítima, nascida das entranhas do autor, plena de alma e mistério, distante das mesas-redondas, dos círculos literários e das academias.
Em trajetória oposta à empreendida pelo seu objeto de análise, Emil em sua luta pela preservação do mistério da arte, o estudo de Tapado reivindica o desvelamento da história deste fascinante protagonista, ainda rebaixada às coxias do mercado literário. Sua busca perpassa diversas trilhas, ao decorrer do pequeno ensaio. Em "O fantasma de Cioran", discorre as verdades do autor em relação ao seu ofício, bem com em "De onde vem o escritor". Em "A verdade da escritura", conhecemos suas opiniões polêmicas, seja sobre a academia, seja sobre o fazer literário, um ato sempre carregado de solidão, em sua opinião - caso contrário, jamais será literatura: "A pior forma de despotismo é o sistema - em filosofia e em tudo".
Nas linhas de "Uma escritura do corpo", Tapado revela o caráter visceral do ofício da literatura, ao menos a boa literatura, na concepção de Cioram. Nada de academias, nem corporativismos, nem mesmo de profissões paralelas ou concomitantes - aqui, literatura é entrega, antes de tudo. "Só a mentira do artista não é total, pois só inventa a si mesmo". Na seqüência, em "O lugar do escritor", o ensaísta responde sua inquietação inicial com uma insinuação de extrema relação com a obra e a ideologia do autor romeno: o lugar do escritor é a solidão. Afinal, "a única experiência profunda é a que se faz em solidão".
O lugar do escritor vale já pela apresentação de tal personagem, até então recolhida do cenário das letras nacionais, o talentoso e polêmico Emil Cioran. Vale também, porém, e principalmente, pela profundidade do olhar crítico de Renato Tapado, debruçado em seu objeto de estudo, ansioso pela descoberta dos caminhos e desvãos tão típicos da literatura.
Da mesma coleção, "16 Ensaios sobre poesia, ficção e artes plásticas", de Jayro Schmidt, artista plástico, professor de pintura e história da arte, divide seu conjunto de pensamentos em duas partes. A primeira, "ficção e poesia", discorre sobre diversos autores, atravessando assuntos que abraçam desde a literatura catarinense, representada pela poesia de Dennis Radünz, dentre outros, até clássicos de destaque internacional, como a prosa do brasileiro Guimarães Rosa e as sugestões da obra estrangeira de Dostoievski, Kafka e Camus.
Na segunda parte, "artes plásticas", a discussão redireciona as inquietações sem perder de vista, em nenhum momento, a complexidade da compreensão do fenômeno da arte. Artista plástico também, além de ensaísta e escritor, Jayro Schmidt discorre sobre a obra do holandês Vincent Van Gogh, as relações entre Leonardo da Vinci e Marcel Duchamp, a loucura talentosa de Camille Claudel, dentre outros temas. O catarinense compõe uma rara tradição de ensaístas: seus artigos não apenas informam sobre temas e personagens principais como, e sobretudo, revelam as peculiaridades existentes já no próprio olhar do crítico.
Em "Insignuações - ensaios sobre filosofia da arte e da literatura", último lançamento da Coleção Ensaio, Nazareno Eduardo de Almeida recupera sua experiência como professor nas Oficinas de Arte da Fundação Catarinense de Cultura, para organizar os pensamentos expostos no livro. Filósofo formado na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com mestrado e doutorado na PUC-RS, Nazareno consegue problematizar as relações entre filosofia e literatura, analisando desconstruções e descaminhos, perseguindo a significação do sentido estético ao longo de três partes. Na primeira, o prólogo, discute as artimanhas do processo investigativo, o sentido geral da filosofia da arte, o papel da filosofia da literatura, e finaliza com uma breve arqueologia do conceito de literatura, traçando paralelos entre artes poéticas, belas-letras e literatura.
Na primeira parte, intitulada "A estrutura conceitual de uma filosofia da literatura", o universo em debate é a literatura em suas mais diversas particularidades: palavras, voz, escritura, leitura, silêncios, discursos, poéticas, fatos, ficções. A segunda parte, "Fronteiras internas e externas da literatura", disseca os cruzamentos entre a literatura e seu mundo circundando, (re) valorizando seus sentidos e significados a partir do teatro, da historiografia, da música, da dança e das artes plásticas. Dissolvendo fronteiras, Insignuações ultrapassa o interesse dos iniciados: seu poder é suficiente para atrair qualquer entusiasta de cultura, arte e estética.
Serviço:
:: "etc é ter ás". Vinícius Alves. Coleção Experimento. 17 páginas. R$ 50,00
:: "A Conquista - entregando-se ao prazer". Aline Gallina. Coleção Experimento. 3 páginas. R$ 50,00
:: "Páginas Esparsas". Roberto Terra Costa. Coleção Experimento. 7 páginas. R$ 50,00
:: "O lugar do escritor - Ensaio sobre Emil Cioran". Renato Tapado. Coleção Ensaio. 39 páginas. R$ 20,00
:: "16 ensaios sobre poesia, ficção e artes plásticas". Jayro Schimidt. Coleção Ensaio. 108 páginas. R$ 20,00
:: "Insignuações - ensaios sobre filosofia da arte e da literatura". Nazareno Eduardo Almeida. Coleção Ensaio. 332 páginas. R$ 30,00
O QUê: Lançamento de livros das Oficinas de Arte da Fundação Catarinense de Cultura
QUANDO: quarta-feira, dia 6, às 18h30
ONDE: Espaço Oficinas, Centro Integrado de Cultura (CIC), Av. Gov. Irineu Bornhausen, nº 5600 - Agronômica - Florianópolis - SC, fone: (48) 3953-2300.
QUANTO: entrada gratuita. Preços dos livros acima.
foto: Márcio Henrique Martins / acervo MIS / FCC
Coordenadora de preservação da Cinemateca Brasileira, Maria Fernanda Coelho está em Florianópolis até sexta-feira, dia 8, prestando consultoria ao Museu da Imagem e do Som, situado no Centro Integrado de Cultura (CIC), numa iniciativa do programa SiBia. Após uma série de análises sobre conteúdo e condições físicas, a consultora assegurou as boas condições de conservação do estabelecimento local, ressaltando a necessidade de continuidade do investimento para manutenção do bom prognóstico. O MIS compõe a estrutura da Fundação Catarinense de Cultura (FCC).
O diagnóstico demonstrou as excelentes possibilidades de conservação, por várias décadas, inclusive, sobretudo após a reunião de especialistas em cada área de conservação. Formada em museologia e cinema em São Paulo, Maria Fernanda destacou ainda as quatro palavras chave para a compreensão de qualquer processo de manutenção: recolher, documentar, conservar e difundir.
Para Ronaldo dos Anjos, técnico que recebeu a consultora, o principal destaque do acervo do MIS catarinense são os cine jornais da região, entre fins a década de 50 e 60, e alguns materiais da década de 70. Além disso, há ainda as produções regionais da Produtora Carreirão, os filmes atuais, premiados no edital da Cinemateca, e as imagens de Hamilton Martinelli - que reúne produções locais, e filmes sobre Victor Meirelles e Cruz e Sousa, por exemplo.
Maria Fernanda ressaltou a importância de preservação do material regional sob dois aspectos: refletem a vida local e jamais são conservados em outros lugares, a não ser suas próprias regiões de origem. A consultora comentou ainda o caráter inicial do reconhecimento do museu, em fase de catalogação, e ainda carente de imagens domésticas no acervo, referências sociais, bem como filmes comerciais. Tecnicamente, segundo o veredicto, há apenas a obrigatoriedade da seqüência, estabelecendo uma equipe fixa de profissionais, definindo procedimentos e políticas de acesso.
Acumulando visitas a acervos variados desde 1986, a consultora aponta como principal evolução as transformações no nível da consciência por parte das instâncias importantes. Em sua opinião, o cinema já deixou de ser visto apenas como entretenimento para ser encarado também como história e memória. O necessário agora, frisa, são ações propositivas de conservação.
A experiência também permitiu o reconhecimento de certa desigualdade: a conservação aumenta de acordo com a proximidade do eixo principal. Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba são as cidades que alcançam maior destaque positivo. O ponto comum entre todos os estados, entretanto, ainda é a necessidade de investimentos mais maciços. Os audiovisuais domésticos, por exemplo, precisam de esforço extra para registro, afinal estão entre os de mais difícil acesso, já que não são divulgados em qualquer tipo de mídia. Afinal, alerta a profissional: "tudo isso é memória, a nossa história".
O MIS já solicitou a ampliação do espaço físico, juntamente à próxima reforma do prédio do CIC. O alargamento dos espaços já está na planta, e servirá tanto para comportar o acervo quanto para divulgá-lo, construindo territórios específicos para exposição. A comemoração dos dez anos do Museu, em 24 de setembro, contará com adequação física dos espaços já existentes, com o acréscimo de iluminação diferenciada, apta a comportar exposições de fotografias.
Foto: Márcio H. Martins / acervo MIS/FCC
Serão realizadas em Atalanta, no Alto Vale do Itajaí, nos dias 28 e 29 de julho, as primeiras oficinas de Sensibilização e Inventário do projeto "Identidades". Promovido pela Fundação Catarinense de Cultura (FCC), em parceria com Secretarias de Desenvolvimento Regional, prefeituras e comunidade, o projeto vai realizar um mapeamento completo do patrimônio cultural material e imaterial catarinense.
A região do Alto Vale do Itajaí é a que está mais adiantada no processo, já tendo feito um levantamento inicial de tudo o que a comunidade dos diferentes municípios que compõem a região entende como referência cultural. Os registros vão desde receitas tradicionais até danças típicas e edifícios históricos. No último dia 14 de julho os cadernos com as informações já coletadas foram apresentados em Rio do Sul, numa reunião que reuniu 21 municípios.
Nos dias 28 e 29 de julho, o trabalho será intensificado, com oficinas que têm como objetivo treinar os envolvidos no levantamento tanto para melhor identificar essas referências culturais, como também para organizar esses registros. Na parte de Sensibilização, serão apresentados os módulos "Despertando os Sentidos" e "Percebendo o Construir". Na parte de Inventário, a FCC apresentará as metodologias de inventário do patrimônio material e imaterial. Nos dias 30, 31 e 1º de agosto, as equipes iniciam o trabalho de campo, e em agosto serão realizadas oficinas sobre aspectos legais do processo.
Nos próximos meses, o trabalho deverá alcançar outras regiões do Estado. No dia 14 de agosto, o "Identidades" começará a ser desenvolvido na região de Joinville, com uma primeira oficina em Araquari. "Santa Catarina é um Estado rico em manifestações culturais. Desde seu patrimônio edificado até suas lendas e costumes, é possível observar a variedade vinda das diversas etnias que o compõem", afirma a presidente da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), Anita Pires.
Nas duas últimas décadas, a FCC vem desenvolvendo políticas de salvaguarda do patrimônio cultural catarinense tangível e intangível. "Considerando ser o patrimônio cultural resultado da produção humana e reflexo do seu local de origem, é fundamental que o trabalho até aqui desenvolvido evolua para uma integração com as diversas regiões do Estado e conseqüentemente com as suas mais variadas manifestações", afirma a diretora de Patrimônio Cultural da FCC, Simone Harger, também responsável pelo projeto "Identidades".
Segundo Simone, a valorização da herança cultural passa pelo reconhecimento, e isto só é possível com o envolvimento direto das comunidades locais que fazem parte deste patrimônio e com ele interagem. "O "Identidades" pretende conhecer nossa memória, buscando a valorização e a perpetuação da herança cultural. Tanto a cultura popular, cantos, danças, saberes e fazeres, quanto a memória edificada, conseqüência dessas produções humanas. Através de oficinas e trabalhos em campo, pretende-se realizar um inventário dessas manifestações culturais, tendo em vista ações para sua proteção e perpetuação", explica.
Mais informações sobre o projeto "Identidades":
Simone Harger - diretora de Patrimônio Cultural da Fundação Catarinense de Cultura (FCC) - (48) 9617-9297 / 3953-2375 - Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. - www.fcc.sc.gov.br
Local do Encontro: Parque Mata Atlântica - Atalanta - Alto Vale do Itajaí
Localização: Estrada Geral Vila Gropp, s/n, distante aproximadamente 2 km do centro do município de Atalanta. Chegando no centro do município, Auto Posto Scheller (Petrobrás), virar a esquerda e seguir até chegar em uma construção verde com uma chaminé.
Informações: Jaqueline - (47) 3535-0229 / 3535-0309 / 8809-9678 - Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. - www.apremavi.org.br/parque-mata-atlantica
PROGRAMAçãO | ||
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28/07/08 - 2ª-feira - VESPERTINO - 13h30m às 17h | ||
13h30m | Recepção e Credenciamento dos Participantes | |
| Local: Parque Mata Atlântica - Atalanta | |
14h | Início das Atividades - "IDENTIDADES" - Fundação Catarinense de Cultura | |
| Oficina 1: Sensibilização | |
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| "Despertando os Sentidos" |
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| "Percebendo o construir" |
16h30m | Encerramento dos Trabalhos com Café Colonial | |
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29/07/08 - 3ª-feira - MATUTINO - 9h às 12h | ||
9h | Início das Atividades - "IDENTIDADES" | |
| Oficina 1: Inventário | |
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| "Apresentação da Metodologia de Inventário Patrimônio Material" |
12h | Intervalo para Almoço Colonial | |
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29/07/08 - 3ª-feira - VESPERTINO - 13h30m às 16h30m | ||
13h30m | Início das Atividades - "IDENTIDADES" | |
| Oficina 1: Inventário | |
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| "Apresentação da Metodologia de Inventário Patrimônio Imaterial" |
16h30m | Encerramento dos Trabalhos com Café Colonial |
Documentários inéditos serão exibidos durante a próxima semana
13/08/2008 - Idealizado pelo Itaú Cultural, o projeto Cinco sobre Cinco - Documentários chega à Santa Catarina pela primeira vez, agora com parceria da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), através do Museu da Imagem e do Som (MIS). No decorrer da próxima semana, serão apresentados cinco documentários, a partir de segunda-feira, sempre com entrada gratuita, às 19 horas, na Sala Multimídia do MIS, no Centro Integrado de Cultura (CIC).
O primeiro filme é Margem, da diretora Carioca Maya Da-Rin, com 54 minutos de duração. Lançada em 2007, a obra retrata a navegação lenta de uma embarcação durante dois dias e três noites pelo rio Amazonas. A travessia acompanha a fronteira do Brasil com a Colômbia, dirigindo-se à cidade peruana de Iquitos. A margem se revela diante da câmera à medida que os passageiros divagam sobre um território de múltiplas feições em constante transformação. A exibição acontece segunda-feira, e vai contar com a presença da diretora, que abrirá sessão de debates.
Na terça-feira é a vez do paulistano Histórias de Morar e Demolições, de André Costa. Compondo o enredo, quatro famílias de malas prontas: suas casas foram vendidas para um incorporador imobiliário e serão demolidas em breve. Para guardar as histórias vividas ali, os moradores resolvem registrar objetos, cômodos e recantos preferidos, iniciando videografias domésticas ou contratando uma pequena empresa de vídeo.
Quarta-feira, dia 20 de agosto, o MIS apresenta Eu vou de volta, de Camilo Cavalcante e Cláudio Assis, pernambucanos de renome no cenário audiovisual brasileiro. Também produzido em 2007, o filme relata duas viagens realizadas simultaneamente em ônibus clandestinos: a ida de Caruaru, maior cidade do agreste pernambucano, até São Paulo, e a volta de São Paulo a Caruaru. Os fluxos e refluxos dos passageiros migrantes parecem comportar, em essência, as movimentações próprias da vida, com suas pequenas vitórias e derrotas individuais, além de revelar pulsões para a mudança.
Quinta-feira, dia 21 de agosto, o filme da noite é Procura-se Janaína, da diretora Miriam Chnaiderman. O filme parte de uma constatação triste: há crianças sem lugar no mundo. São crianças entregues a instituições, com desenvolvimento fora dos padrões esperados. Não são portadoras de deficiências, mas também não apresentam um desenvolvimento dito normal. O enredo enfoca Janaína, menina negra, pobre e moradora da Febem dos anos 1980, quando então se debatia no berço, incapaz de manter contato com os outros. Depois de vinte anos, uma pergunta impulsiona a obra: onde estará Janaína hoje?
O último documentário contemplado pelo projeto, na sexta-feira, dia 22 de agosto, é Diário de Sintra, de Paula Gaitán, companheiro do cineasta brasileiro Glauber Rocha durante seu exílio voluntário em Sintra, cidade de Portugal. O filme é composto de registros do presente e do passado, apresentando fragmentos de filmes Super-8 e fotos realizadas em 1981, época do exílio. Paula, artista visual e cineasta, produz e reúne o material, retornando à cidade portuguesa, onde constrói imagens em movimento, repletas de significações particulares: sobreposição de tempos, imagens, memória afetivas, camadas ficcionais, documentos múltiplos e variados.
SERVIçO:
O quê: Projeto Cinco sobre Cinco - Documentários
Quando: De segunda, dia 18, a sexta, dia 22 de agosto, sempre às 19 horas.
Local: Sala Multimídia, do Museu da Imagem e do Som (MIS), no Centro Integrado de Cultura, CIC. Av. Gov. Irineu Bornhausen, nº 5600, Agronômica, Florianópolis. Telefone: (48) 3953-2525.
Quanto: gratuito