O Museu de Arte de Santa Catarina (MASC) é uma entidade vinculada à Fundação Catarinense de Cultura (FCC), criado em 18 de março de 1949 com o nome de Museu de Arte Moderna de Florianópolis (MAMF). Desde então, é o órgão oficial na área das artes visuais, instalado, hoje, no prédio do Centro Integrado de Cultura (CIC), em Florianópolis, a Capital do Estado.
A trajetória de origem e desenvolvimento do MASC coincide com um momento de efervescência e dinamismo cultural que marcou a década de 40 no Brasil, quando foram criadas instituições de referência como o Museu de Arte de São Paulo (MASP), em 1947, e o Museu de Arte Moderna (MAM), no Rio de Janeiro, em 1948.
O Círculo de Arte Moderna (CAM), mais tarde conhecido por Grupo Sul, constituiu-se num antecedente histórico marcante para o então MAMF, ao trazer para a Florianópolis, em 1948, a "Exposição de Arte Contemporânea", juntamente com a presença de seu idealizador, o escritor carioca Marques Rebelo. Foi, a partir dessa mostra, acompanhada de palestras sobre arte contemporânea proferida pelo escritor, que nasceu o embrião do atual MASC.
Daquela época para este começo de século XXI, o MASC reuniu e disponibilizou ao público um diversificado e expressivo acervo de 1.775 obras de artistas nacionais e estrangeiros, com destaque também aos artistas catarinenses. Nas últimas décadas, o museu continua expandindo sua missão de socializar arte, cultura, prazer estético e conhecimento à comunidade, a visitantes e a turistas, por meio de exposições de curta duração do acervo, Salão Nacional Victor Meirelles, mostras temporárias, biblioteca, programas de visitação mediada, publicações e assessoria técnica.
O trabalho do MASC materializa-se por intermédio dos Núcleos de Arte-educação, Conservação e acervo, Exposições e montagem, Pesquisa, Documentação e Biblioteca, além das áreas de direção e administração. Conta também com o apoio , dos serviços do Atelier de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis (Atecor) e da Associação Amigos do Museu de Arte de Santa Catarina (AAMASC).
A atual gestão do Museu teve como principal desafio desenvolver e implementar o Plano Museológico do MASC, de acordo com o novo Estatuto de Museus (lei 11.904, de 14/01/2009). A equipe diretiva e técnica tem participado ativamente de um processo de qualificação e aperfeiçoamento visando dotar a instituição de um planejamento estratégico voltado cada vez mais para o papel contemporâneo e de vanguarda que cabe aos museus: o de serem um processo vivo a serviço da sociedade e do seu desenvolvimento; de estarem comprometidos com a gestão democrática e participativa; e constituírem-se em unidades de investigação, pesquisa, interpretação, mapeamento, documentação e preservação cultural.
A partir desta concepção filosófica e conceitual, o museu será um fórum permanente para o debate e a reflexão, contribuindo para a comunicação e a exposição dos testemunhos do homem e da natureza, com o objetivo de propiciar a ampliação das possibilidades de construção identitária e a percepção crítica acerca da realidade cultural. Museu idéia com novas áreas de respiro. Nesse contexto, recebe particular relevância o significado das iniciativas do MASC no campo da Ação Educativa, uma função crescentemente essencial nas ações dos museus. Por isto, até 2014, quando o Plano Museológico do MASC deverá estar concluído, o Museu manterá seu foco também na criação de comissões consultivas e curatoriais para políticas de acervo e a realização de exposições de longa duração, temporárias, de visitantes e itinerantes, utilizando seu espaço e suas atividades educativas para o fomento da interdisciplinaridade, da reflexão e da fruição sensível, inteligente e interativa da visualidade e das artes contemporâneas.
Lygia Helena Roussenq Neves
Administradora do Museu de Arte de Santa Catarina / MASC - dezembro de 2010
Seguem informações sobre o MASC, extraídas da obra "BIOGRAFIA DE UM MUSEU", editada em 2002.
UMA TRAJETÓRIA BRILHANTE
A história do Museu de Arte de Santa Catarina se confunde com uma das fases mais promissoras e efervescentes da produção cultural catarinense. Foi em 1949, quando a revista Sul deu voz e vez a um grupo de obstinados defensores da renovação literária e artística neste Estado, que surgiu o Museu de Arte Moderna de Florianópolis, resultado desse ainda incipiente movimento contra as amarras do passado e prêmio à clarividência do escritor Marques Rebelo, que no Rio de Janeiro moveu peças de que dispunha e ajudou a criar o primeiro choque de modernidade nas artes catarinenses.
A partir daí, com a literatura e as artes já afinadas com o resto do mundo, o Museu foi o ponto de encontro para as tertúlias, a referência pontual para o debate, o epicentro onde se geravam os manifestos, ideias e ideais de gente insatisfeita com a modorra e o conformismo locais. Foi com João Evangelista de Andrade Filho, José Silveira d'Ávila, Harry Laus e tantos outros que o MASC ganhou nome, disseminou o conhecimento, formou e reciclou artistas e construiu, com a paciência de quem amadurece, um acervo de invejável qualidade, padrão e diversidade, mesmo estando fora dos chamados eixos emissores da grande cultura nacional.
Hoje, aos 53 anos, o Museu de Arte de Santa Catarina frequenta a agenda de compromissos de artistas consagrados e, através do Salão Victor Meirelles, consta dos projetos e alimenta a ambição de jovens valores da arte brasileira por espaço e projeção. Suas mostras crescem cada vez mais em apuro e a listagem de pedidos de pauta já não se ajusta às datas disponíveis.
O coroamento de tão relevante trajetória precisaria, sem dúvida, contemplar o acervo, hoje com mais de 1.400 obras, com um catálogo que apresentasse tudo o que esconde esse tesouro encravado nas entranhas do Museu. É o que está contido no presente volume, elaborado, com carinho e minucioso empenho, por funcionários da casa e apoiado pela empresa Malwee Malhas, de Jaraguá do Sul, através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura.
Concluída mais esta etapa da história do MASC, resta-nos agradecer à equipe que elaborou a pesquisa e o registro fotográfico do acervo, às empresas pela visão e sensibilidade que demonstraram, e a todos os que atuaram e atuam no Museu. O sonho de Harry Laus, que em 1989 deu início ao processo que culmina com esta obra, está enfim realizado. Cabe a nós, os outros catarinenses, que se orgulham do Museu, lutar cada vez mais pela sua valorização.
Iaponan Soares
Diretor Geral da Fundação Catarinense de Cultura
Atualmente, com 53 anos, e dirigido pelo professor João Evangelista de Andrade Filho, o MASC tem um papel fundamental no desenvolvimento cultural catarinense e nacional.
A biografia do museu junta-se a este desenvolvimento, proporcionando às universidades e escolas, como também ao mundo artístico, um importante material de consulta histórica e didática, tendo como idealizador o escritor e crítico de arte Harry Laus.
A Malwee, considerando os objetivos do MASC, associa-se a este grande trabalho e com ele colabora, na certeza de assim retribuir o carinho que sempre recebeu da comunidade Barriga Verde.
A Malwee, num gesto de cidadania, abraça novamente a cultura catarinense.
Wander Weege
Diretor Presidente Malwee
APRESENTAÇÃO
É problemático o desenvolvimento do acervo dos museus de província. Em parte, pelo descompasso entre a sociedade, mais conservadora e despreocupada com os fatos da cultura, e a elite que deles se incumbe.
O MASC não foge à regra. Daí a irregularidade da sua coleção, cuja montagem não se deu em decorrência de critérios qualitativos, com respaldo de curadorias, orçamentos ou de mecenas, estes últimos escassos entre nós.
Optar por catálogo seletivo, que destinasse ao público apenas a "prata da casa", importaria em desconsiderar a história, a favor da estética e da propaganda. A publicação que ora chega aos usuários, na forma de catálogo geral, abrange a possibilidade de abrir-se para estudos sócioartísticos. Estes se direcionam mais à investigação sobre as possibilidades do ambiente cultural do que à pesquisa do gosto ou da "fortuna crítica" de uma produção. O material está aí. Oxalá as pesquisas se realizem.
Agradecimentos aos que colaboraram com esta obra de referência e que, pela praxe, deveriam figurar aqui na apresentação, foram assinalados em outro segmento dela. Não se abstenha o leitor de consultar a seção em que foram registrados.
João Evangelista de Andrade Filho