Introdução
O final da década de 40 foi particularmente fértil para as artes plásticas brasileiras, com a criação de diversos museus. Em São Paulo, o jornalista Assis Chateaubriand funda o MASP (1947) e o industrial Francisco Matarazzo Sobrinho, Ciccilo, o Museu de Arte Moderna (1948). No Rio de Janeiro, Niomar Muniz Sodré, diretora do “Correio da Manhã”, forma outro Museu de Arte Moderna (1948). Em Santa Catarina, no governo de Aderbal Ramos da Silva, é oficializada a Arte Moderna com a assinatura do decreto n° 433, de 18 de março de 1949, criando o Museu de Arte Moderna de Florianópolis.
Passados 38 anos, o Museu de Arte de São Paulo firmou-se como o mais importante museu do gênero, em toda a América Latina, e o MAM do Rio reinaugura sua imponente sede, recuperada de um incêndio que, em 1978, destruiu parte de seu valioso acervo. O MAM – SP, ainda não refeito do golpe sofrido em 1963, quando o mesmo Ciccilo transfere o acervo para o recém-criado Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, luta pela sobrevivência numa sede improvisada sob as pérgolas do Ibirapuera.
Quando ao MAMF, deixou de ser municipal para transformar-se em estadual, passando a chamar-se Museu de Arte de Santa Catarina por decreto n° 9.150, de 4 de junho de 1970, do governador Ivo Silveira. Depois de perambular por diversas sedes provisórias, encontra-se instalado em amplas dependências do Centro Integrado de Cultura Prof. Henrique da Silva Fontes, desde 1983, tendo tudo para transformar-se no mais significativo Museu de Arte do Sul do Brasil.
Antecedentes
O ponto de partida para a criação do atual Museu de Arte de Santa Catarina pode ser considerada a grande Exposição de Arte Contemporânea, trazida a Florianópolis pelo escritor carioca Marques Rebelo (Eddy Dias da Cruz, 1907-1973). Montada no Grupo Escolar Modelo Dias Velho – hoje Escola Básica Antonieta de Barros – despertou os comentários mais desencontrados, de repulsa a aprovação, enquanto esteve aberta à visitação pública, entre 25 de setembro e 6 de outubro de 1948, na esquina das ruas Victor Meirelles e Saldanha Marinho, em pleno centro da cidade.
Mais há outros pontos a considerar pois, sem eles, não teria sido possível a vinda da mostra. Avulta como principal, a existência do Círculo de Arte Moderna, fundado em 1947, e que pasou a ser conhecido como Grupo Sul, em vista de uma revista editada com o nome de Revista SUL, cuja existência foi de dez anos (jan. 1948 – dez. 1957), conquistando renome nacional. O CAM era formado de escritores e artistas jovens, preocupados em sacudir a província, acomodada aos velhos padrões, com manifestações modernas de teatro, literatura, poesia, cinema e artes plásticas. Fundado por Aníbal Nunes Pires, Ody Fraga e Silva, Eglê Malheiros, Salim Miguel e Antônio Paladino, o CAM logo recebeu a adesão de muitos outros, como Elio Balstaedt, Valmor Cardoso da Silva, Pedro Taulois, Hamilton Valente Ferreira, Claudio Bousfield e Archibaldo Cabral Neves.
Archibaldo, no n°6 da Revista Sul (dez. 1948), escreve sobre a Exposição de Arte Contemporânea, dizendo que “Florianópolis nunca tinha visto uma verdadeira exposição de pintura contemporânea”. Eram 79 obras, entre pinturas, desenhos, gravuras, aquarelas e guaches, assinadas por artistas estrangeiros como Leskochesk, Lurçat, Lèger, Dufy, Vlaminck, Arpad Szenes, Zadkine, Jan Zach, e brasileiros do porte de Iberê Camargo, Pancetti, Burle Marx, Bruno Giorgi, Milton Dacosta, Djanira, Di Cavalcanti, Teruz, Segall, Portinari, entre outros. Como se vê, uma mostra importante até para os dias de hoje.
A exposição continha também alguns quadros extracatálogo de Martinho de Haro (1907-1985), prêmio de viagem à Europa em 1939, e um de Eduardo Dias (1872-1945), cuja obra o MASC mostra neste momento. É o próprio Martinho de Haro quem declara: “Além de quadros de minha autoria, levei um quadrinho de Eduardo Dias, de grande beleza, para representar Santa Catarina” (Suplemento Especial de O Estado, de 14.05.1976).
Complementando o acontecimento, Marques Rebelo pronunciou três conferências, a 28, 29 e 30 de setembro. A tônica destes pronunciamentos pode ser entrevista numa frase do escritor que provocou críticas indignadas dos mais conservadores: “Pintura não é imitação da natureza, mas interpretação da natureza”.
Outro ponto positivo foi o apoio do governo, através da Secretaria da Justiça, Educação e Saúde que tinha à frente Armando Simone Pereira. Ele foi apresentado a Marques Rebelo no Rio, por Jorge Lacerda, “misto de médico, advogado, jornalista, político” – no dizer de Salim Miguel – e que chegaria a deputado federal e governador do Estado de Santa Catarina. Depois desse encontro, a idéia foi tomando vulto, Marques Rebelo correponde-se com Aníbal Nunes Pires, da Revista Sul, e tudo fica acertado, chegando ao escritor com seu carregamento mágico, semndo hospedade por Hamilton Valente Ferreira, também do Grupo Sul.
Pátio Marques Rebelo
Ao vir a Florianópolis, em 1948, Marques Rebelo já tinha notoriedade nacional com a publicação de Oscarina (1931), Três Caminhos (1933), Mafra (1935), A Estrela Sobe (1939) e Stela me Abriu a Porta (1942). Não admira, pois, que seu prestígio junto ao Ministério de Educação e Cultura (ele foi Inspetor do Ensino Secundário) e junto ao Itamarati, mais o vasto currículo de relações entre intelectuais, artistas, jornalistas e políticos, tenha facilitado a reunião de tantas obras para a Exposição de Arte Contemporânea. As intenções do escritor não eram somente mostrar a arte e atualizar conhecimentos pictóricos. Marques Rebelo queria deixar raízes que frutificassem em museus (como fez em Florianópolis, Rezende e Cataguazes). Para tanto, além da exposição propriamente dita, vinha acompanhado de outras obras, de sua coleção particular ou a ele confiadas pelos artistas, que eram doadas ou vendidas para a garantia da permanência de sua idéia.
Aqui em Florianópolis, por exemplo, ele consegue sensibilizar Armando Simone Pereira e outras autoridades locais, deixando um “museu em formação” no mesmo local onde se realizara a famosa Exposição: o pátio (apesar de se tratar de um recinto fechado) do Grupo Escolar Dias Velho, que passaria a chamar-se Pátio Marques Rebelo – “com placa e tudo”, como informa Hamilton Valente Ferreira.
Esta semente do futuro Museu de Arte Moderna de Florianópolis, continha as seguintes peças: doadas pel próprio escritor: desenhos de Aldary Toledo, Tomaz Santa Rosa e Noêmia Mourão; litogravura de Alfredo Kubin e uma aquarela de Jan Zach. Jorge Lacerda doou um desenho de Oswaldo Goeldi e Flávio de Aquino outro de Noêmia Mourão. Doados pelos próprios artistas havia aquarelas de José Maria e José Nery, um desenho de Aldemir Martins e outros de Santa Rosa. A estas onze doações, acrescentavam-se seis aquisições da Secretaria da Justiça, Educação e Saúde: três óleos, de Iberê Camargo, Djanira G. Pereira e Rubem Cassa, e três gravuras de José Silveira D’Ávila.
(O atual acervo do MASC registra 13 destas 17 obras do núcleo inicial do MAMF, tendo desaparecido ao longo dos anos o desenho de Noêmia, “Mãe e Filho”, doado por Flávio de Aquino; o desenho de Goeldi, doado por Jorge Lacerda; a água-forte “Gatos”, de José Silveira D’Ávila; o desenho ilustração doado por Santa Rosa).
Primeira sede provisória do Museu: antigo Grupo Escolar Modelo Dias Velho.
Museu do Grupo
O Pátio Marques Rebelo, junto com a pressão do Grupo Sul e do próprio Secretário Simone, tornaram a criação do museu irreversível. É bastante sugestivo que o decreto tenha sido baixado pelo Presidente da Assembléia Legislativa, José Boabaid, “no exercício do cargo de Governador do Estado de Santa Catarina”, que o assina junto com o Armando Simone Pereira.
O decreto cria o Museu de Arte Moderna de Florianópolis, na Capital do Estado (dizem que iria chamar-se Museu de Arte Contemporânea, por ser mais abrangente, mas, “por imperícia ou falta de conhecimento de causa”, como se lê na Revista Sul n°13, ficou Arte Moderna). O Art. 2° estabelece o Grupo Escolar Modelo Dias Velho como sede, “a título provisório”, e o Art. 3° fala na nomeação de uma Comissão Especial para elaborar o regulamento e determinar providências necessárias ao seu funcionamento.
A comissão foi logo constituída: Marques Rebelo, Henrique Stodieck, Wilmar Dias, Rubens de Arruda Ramos, Hamilton Valente Ferreira e o pintor Martinho de Haro. Também não é esquecida a atribuição de responsabilidade sobre o museu, ficando encarregada de sua guarda a Prof.ª Julieta Torres Gonçalves, diretora do Grupo Escolar Dias Velho.
É grande o entusiasmo de quem lutou pela implantação do museu. Como Hamilton Valente Ferreira que, através do número 8 de abril/49 da Revista Sul, felicita a mocidade catarinense, “ em especial a uma pequena turma de rapazes que a voz geral considerava amalucados, comunistas, reacionários, imorais”; o escritor Marques Rebelo que, “descobrindo a existência daquele círculo de interesse pelas coisas da literatura e arte, esteve com sua exposição em Florianópolis, e tanto agradou que se fundou o ‘Pátio Marques Rebelo’ onde está funcionando o recém-fundado Museu de Arte Moderna de Florianópolis”. Os parabéns de Valente estendem-se também ao governo “pela fundação do primeiro museu oficial de Arte Moderna no Brasil”.
O prestígio de Marques Rebelo e o entusiasmo do Secretário Simone, naturalmente mesclados a interesses políticos da época, tiveram como fruto a ampliação paulatina do acervo do museu. A Câmara Municipal de Florianópolis oferece 13 reproduções de obras célebres de Rembrandt, Valazquez, Brughel, Cézanne, Marie Laurencin, Renoir (duas), Gauguin, Van Gogh, Picasso (duas), Matisse e Raoul Dufy. A Prefeitura Municipal adquire para o MAMF, por indicação de Marques Rebelo, uma aquarela de Jan Zach, um desenho de Emílio Pettorruti, um guache de Oscar Meira e dois óleos: de Roberto Burle Marx e Athos Bulcão.
Ademar de Barros, governador de São Paulo, doa oito óleos de artistas brasileiros premiados na capital paulista: Mário Zanini, Joaquim Figueira, Lúcia Suane, Fúlvio Penacchi, A.R.Rizzotti, N. Nóbrega, Volpi e Lula Cardoso Aires.
Em dezembro de 1949 vem a Florianópolis o escultor Bruno Giorgi e faz a doação da primeira escultura do MAMF, um gesso intitulado “A Máscara e a Face”. E particulares também doam obras, como Francisco Inácio Peixoto, um óleo de José Morais; Julieta Ramos, um desenho em cores de Augusto Rodrigues; Nilma Pancetti, o óleo “Retrato de Marina”, de José Pancetti; e Roberto Assunção, um desenho de Vera Assunção.
(Todas as obras citadas neste tópico, menos as reproduções, encontram-se tombadas pelo MASC. As reproduções, por estarem totalmente danificadas, sofreram baixa de escrituração em 1985).
Sálvio de Oliveira, primeiro diretor do Museu, na inauguração, em 15/04/1952.
O Primeiro Diretor
Marques Rebelo, embora distante de Florianópolis, naturalmente via com bons olhos o crescimento do acervo do MAMF e, mesmo de longe, parece ter sido um dos membros mais atuantes da Comissão Especial. Deve ter sabido, por exemplo, que a Professora Julieta, por medida de segurança, recolheu as obras a um depósito do Grupo Escolar. Antes que a idéia morresse, era preciso nomear um diretor para o museu. Por insistência do escritor, foi indicado a 15 de março de 1950 (um ano depois da criação), o primeiro diretor do Museu de Arte Moderna de Florianópolis: Professor Sálvio de Oliveira, com 32 anos, consultor técnico do Departamento de Educação do Estado, e que desenvolvia intensa atividade no meio cultural da cidade. Foi ele que, no ano seguinte, fundou e dirigiu o Teatro Catarinense de Comédia, tendo dirigido, inclusive, “A Sapataiera Prodigiosa”, de Garcia Lorca.
Com a nomeação de Sálvio de Oliveira – “um homem que sabe usar gravata”, como disse Marques Rebelo – começou nova luta, agora por uma sede onde o museu pudesse expor o acervo e desenvolver outras atividades. Não foi fácil. Ainda em abril de 1951, Salim Miguel escreve um artigo para a Revista Sul perguntando “a quem caberá a culpa a quase natimorte e conseqüente paralisação do museu”. Ele culpa a Comissão Especial, a falta de uma sala apropriada, ao empilhamento dos quadros “não sabemos onde” etc. E revela que o arquiteto e futuro crítico de arte Flávio de Aquino (1919-1987) chegou a fazer um esboço para a sede própria do MAMF, jamais construída.
Irineu Bornhausen já havia assumido o governo do Estado e Sálvio de Oliveira consegue aliados para a causa do museu: os Secretários de Estado João José de Souza Cabral, João Bayer Filho, Fernando Ferreira de Mello, o já deputado Jorge Lacerda, os jornalistas Nereu Corrêa e Layla Freysleben, entre outros.
Afastada a possibilidade de uma sede própria, por falta de recursos, o Prof. Henrique da Silva Fontes encontra uma solução intermediária. Ele era diretor da Casa de Santa Catarina (antigo Clube Germânia, desapropriado durante a II Guerra Mundial), situada numa grande casa da rua Tenente Silveira, esquina de Álvaro de Carvalho, onde hoje se ergue o edifício da Secretaria de Cultura, Esporte e Turismo. Remanejando os espaços ocupados pelo Instituto Histórico Geográfico, a Comissão Catarinense de Folclore, a Academia Catarinense de Letras e a Associação do Ex-Combatentes de Santa Catarina, o Professor Fontes conseguiu liberar uma sala para exposições.
Segunda Morada
Nesta Segunda morada, o MAMF ficaria por dezesseis anos, de abril de 1952 a outubro de 1968, conhecendo, além de Sálvio de Oliveira, três outros diretores: Martinho de Haro (1955/58), João Evangelista de Andrade Filho (1958/62) e Carlos Humberto Corrêa (1962/69), tendo sido na gestão deste último que o museu transferiu-se mais uma vez. Mas é preciso rever alguns pontos desse longo período.
Antônio Lopes de Faria, bolsista do Estado na Escola de Belas-Artes de São Paulo, faz o projeto de instalação do MAMF na Casa de Santa Catarina. Contando também com o auxílio de Aldo Domingues e Eunice Rihl, Sálvio organiza tudo para a inauguração das novas instalações, a 15 de abril de 1952, com uma exposição das 48 peças já citadas, todas discriminadas num catálogo ilustrado com as reproduções da escultura de Bruno Giorgi (capa), o desenho de Goeldi desaparecido, o “Retrato de Marina” de Pancetti, um desenho de Aldemir Martins e outro de Emílio Pettorruti.
“O ato de inauguração, com a presença de altas autoridades, foi simples, florido e decente” – escreveria Marques Rebelo no jornal Última Hora do Rio, a 25.04.52. Entre as autoridades, o governador Irineu Bornhausen dava a medida da importância do ato para o Estado de Santa Catarina.
No catálogo inaugural há um texto com a história sumária do museu, e a enumeração de todas as pessoas que, de diversas maneiras, contribuíram para que o museu se tornasse uma realidade. São elas, na ordem em que são citadas: Aderbal Ramos da Silva, Marques Rebelo, Armando Simone Pereira, Henrique Stodieck, Wilmar Dias, Rubens de Arruda Ramos, Hamilton Ferreira, Martinho de Haro, Julieta Torres Gonçalves, Sálvio de Oliveira, Irineu Bornhausen, João José de Souza Cabral, Jorge Lacerda, Desembargador Henrique da Silva Fontes, Domingos Trindade, Sebastião Neves, Osvaldina Cabral Gomes, Antônio Lopes Faria, Aldo Domingues, Adalberto Tolentino de Carvalho, Inácio Peixoto, Ademar de Barros, Flávio de Aquino, Julieta Ramos, Nilma Pancetti, Roberto de Assunção, Bruno Giorgi, José Silveira D’Ávila, José Nery, José Maria, Santa Rosa e Aldemir Martins.
Para o primeiro aniversário das novas instalações, a 15 de abril de 1953, Sálvio preparou grandes festividades, tendo dois pontos altos: uma conferência do escritor gaúcho Manoelito de Ornellas e a abertura de uma exposição de 25 peças da coleção particular do Deputado Jorge Lacerda que conforme consta do catálogo, fora doada ao MAMF.
Esta importante doação era formada de 19 desenhos, uma aquarela e cinco gravuras. Impõe-se a relação das técnicas e dos artistas. Desenhos: Aldary Toledo, Alfredo Kubin (Alemanha), Athos Bulcão (três desenhos), Barbosa Leite, Cícero Dias, Djanira, Eros Gonçalves, Fayga Ostrower, Noemi, Oswaldo Goeldi (dois), Paulo Flores, Tomas Santa Rosa (três) e Ylen Kerr (dois). Gravuras: duas xilogravuras de Goeldi, outra de Marcelo Grassmann, uma ponta-seca de Portinari e uma litografia de Noêmia Mourão. A coleção completava-se com uma aquarela de José Maria.
(Destas 25 obras, o acervo do MASC possui apenas oito: os três desenhos de Santa Rosa, dois desenhos de Athos Bulcão, os desenhos de Cícero Dias e Barbosa Leite e a gravura de Portinari).
Altos e Baixos
Em 1952, depois da inauguração, o MAMF realiza exposições de Aldary Toledo, Vera Assumpção, Jan Zach e Dália Antonina, com a colaboração de Rebelo, e outr ado Clube de Gravura de Porto Alegre, efetuando ainda reuniões às sextas-feiras com intelectuais e artistas. Em 1953, conferência de Clóvis Assumpção sobre Pintura Moderna, mostra de Neuza Mattos, a mostra do primeiro aniversário, um recital com o barítono Sérgio Nápoli e uma exposição de artistas catarinenses: Martinho de Haro, Malinverni Filho, Moacir Fernandes, Acary Margarida, José Silveira D’Ávila, Nordia Luna, Neuza Mattos, Aldo Nunes, Alberto Ramagem, Pedro Bosco, Eunice Rihl e Orlando Ferreira de Mello.
Depois disso, Sálvio de Oliveira vai para o Rio de Janeiro e o museu passa por um período de estagnação.
Em 1955, uma comissão encabeçada por Martinho de Haro recebe a incubência de dirigir o Museu. Fazem parte dela Tom Wildi, J.J. Barreto, Hans Buendgens, Nereu Corrêa, Aníbal Nunes Pires, Luiz Eduardo Santos e Maurício dos Reis. Este último, na qualidade de secretário, apresenta os planos para 1955/56, fazzendo uma ressalva: “com a ínfima verba de que dispõe, o Museu não custearia sequer uma das exposições almejadas” (Lina Leal Sabino, in “Grupo Sul: O Modernismo em Santa Catarina”).
Mesmo assim, reabrindo em julho/55, o MAMF realiza uma exposição com obras de colecionadores catarinenses: Newton Ávila, Wilmar Dias, Dahil Amin, Tom Wildi, Volnei de Oliveira, e quadros do acervo do Palácio da Agronômica. Na mesma ocasião é apresentada a tela “Ouro Preto”, de Eméric Marcier, doada por Maria Konder Bornhausen, esposa do governador.
Martinho de Haro conseguiu, durante sua gestão, doações importantes como: “Vila Velha”, de Bustamante Sá, doada pelo casal Acari Silva; “Velha Casa”, de José Pancetti, doação do casal Jacques Schweidson: “Casas”, de Volpi, pela Prefeitura Municipal; “Composição”, de Aldo Bonadei, por Tom Wildi; “Peixes”, de B. Bouts, doação do artista; “Montmartre”, de Milton Dacosta, por Othon Gama D’Eça que também doou “Preta” de Guignard; “Paisagem de São José”, do próprio Martinho de Haro, doação de Ondina Nunes Gonzaga.
A situação piora em 1957. Um casal de turistas cariocas deixa consignado no livro de visitantes: “Acabo de constatar um crime, em plena Florianópolis, esse museu! Entramos pela janela! Encontramos os quadros jogados pelo chão – entre garrafas de champagne. Incrível! Não sei se ficamos com raiva ou pena...” A denúncia chega à imprensa a Paschoal Apóstolo, na seção Literatura e Arte do jornal O Estado (16/06/57) transcreve o recado de Dymas e Esther Joseph, descrevendo o estado deplorável do prédio e das condições do museu, com “telas a mercê das águas” provenientes de telhas quebradas. O jornalista recorda os tempos em que o museu era “motivo de glória para o povo ilhéu” e, sentindo falta de algumas telas, declara que “muitas delas tomaram rumo ignorado”.
Governa o Estado, nessa época, Jorge Lacerda, o mesmo que pusera tanto empenho na formação do museu. O acervo é recolhido ao porão do Teatro Álvaro de Carvalho, conforme declarações de Jason César de Carvalho, confirmadas por João Evangelista de Andrade Filho, e a Casa de Santa Catarina entra em reformas.
Volta ao Museu
Com a reforma da Casa de Santa Catarina, o museu volta a funcionar em 1958 com espaços maiores: três salas para exposições, uma para o depósito e outra onde começará a funcionar a Escolinha de Arte de Florianópolis, oficializada, mais tarde, na gestão de Carlos Humberto Corrêa.
Em março de 1958, assume a direção do museu, João Evangelista de Andrade Filho, paulista de 27 anos, professor de História da Arte na Faculdade Catarinense de Filosofia. Durante sua gestão, que se prolongará até abril de 1963, o MAMF é reativado com a montagem de 25 exposições temporárias, projeção de filmes sobre Rembrandt, concurso de Poemas Murais, cursos e conferências. Angelo Ricci, Fioravante Ferro e Eudoro de Souza são os responsáveis pelos cursos rápidos sobre “Giambattista Vico e Benedetto Croce”, “Arte Romana” e “Filosofia da Arte”, respectivamente.
No campo das exposições, Evangelista movimenta o museu com mostras didáticas (3.000 Anos de Arte Egípcia, Pintores Franceses dos Séculos XIV, XV e XVI, Gravuras Populares do Nordeste), e de artistas cariocas, gaúchos e mineiros. Em 1961 o jovem diretor traz ao MAMF gravuras de artistas argentinos e mexicanos, conseguindo doações que ainda se encontram no acervo do MASC.
O catarinense Ernesto Meyer Filho expõe desenhos em 1958 (primeira individual de artista catarinense no museu) e 1961 e, em 1959, o Grupo de Artistas Plásticos de Florianópolis (GAPF) realiza seu II Salão (o primeiro foi realizado em 1958, no Grupo Escolar Dias Velho).
Assumindo a direção em abril de 1963, Carlos Humberto Corrêa, catarinense de 21 anos, estudante de História na UFSC, leva adiante o entusiasmo de Evangelista, montando mais de 60 exposições temporárias durante sua gestão, entre abril de 1963 e março de 1969. Palestras são realizadas por Maria Polo, Bethy Giudice e Francisco Stockinger; é ministrado, em 1966, um curso de Teoria e Prática de Arte Infantil e acontece até mesmo um recital de canto, a cargo do tenor Nibet Deucher. Também em 1966, Carlos Humberto participa do I Seminário de diretores de Museus de Arte, em São Paulo. Patrocinado pelo Museu de Arte Contemporânea e Universidade de São Paulo.
Em contato com embaixadas estrangeiras, a nova direção consegue trazer a Florianópolis diversas exposições internacionais, documentadas por reproduções e cartazes. A nível nacional, destacam-se as exposições de Di Cavalcanti (50 desenhos e guaches de 1922/36) e Meio Século de Arte Nova, do acervo do Museu de Arte Contemporânea de São Paulo.
A arte catarinense merece a atenção de Carlos Humberto com individuais de Vechietti, Eli Heil, Hassis, D’Ávila, Rodrigo de Haro e Aldo Nunes. E, no encerramento anual, de 1963 a 1968, são montadas Exposições da Escolinha de Arte de Florianópolis.
Terceira Morada
Como o velho prédio da Casa de Santa Catarina não oferecesse condições de reforma, foi demolido para dar lugar ao edifício onde se instalou a Secretaria de Cultura, Esporte e Turismo. Quanto ao MAMF, foi transferido em outubro de 1968 para uma casa da Av. Rio Branco, 160, que não mais existe.
Era uma bela residência do início do século. O gabinete do diretor, da datilógrafa e uma escriturária, resumia-se a uma saleta de 8,5m². A cozinha foi adaptada para o acervo, com prateleiras de madeira, tendo apenas uma janela para ventilação das obras. Para exposições, três salas somando cerca de 34m² (o salão atual do MASC é 39 vezes maior). Um depósito de madeira ao fundo do quintal e um porão com menos de dois metros de altura (onde funcionou a Escolinha de Arte), completavam os espaços do Museu de Arte de Florianópolis, que aí ficaria por quase dez anos, até janeiro de 1977.
Esta casa conheceria apenas um diretor, o artista plástico Aldo Nunes, com 43 anos, bacharel em Direito pela UFSC, ex-professor de Desenho e Desenho Pedagógico no Instituto Estadual de Educação, que ficaria responsável pelo museu de março de 1969 até março de 1981 (12 anos). No endereço, Aldo manteria o ritmo da programação dos diretores antecedentes até dezembro de 1974, tendo montado mais de 80 exposições temporárias.
Intercalavam-se individuais e coletivas com artistas catarinenses e brasileiros, além de mostras do acervo e algumas estrangeiras. São desse período, entre outras, as individuais de Babinski, Evandro Carlos Jardim, Geraldo Rocha, Eli Heil, Silvio Pléticos, Elke Hering, Arnaldo Ferrari, Aldemir Martins, Martinho e Rodrigo de Haro, Jayro Schmidt, Meyer Filho, Bethy Giudice, Hassis, Luiz Henrique Schwanke e Berenice Gorini.
O pintor Silvio Pléticos deu cursos de desenho e pintura, entre 1968 e 1972, e o MAMF, por falta de espaço próprio, promoveu junto com a UFSC um curso de Introdução à Arte Contemporânea, ministrado por Luís Nage Endre, da Universidade de La Paz, Bolívia, no auditório da Faculdade de Ciências Econômicas (1968). Fiel à Escolinha de Arte, Aldo Nunes promoveu anualmente exposição de obras dos alunos.
Foi também nesta morada que o MAMF mudou de nome, repentinamente. Quando o governador Ivo Silveira fez a reforma administrativa da Secretaria da Educação e Cultura, por decreto n° 9.150 de 4 de junho de 1970, com 135 artigos, uma subdivisão do título IV passa a chamá-lo Museu de Arte de Santa Catarina.
Tempos Difíceis
Nos anos de 1975 até março de 1979, o Museu de Arte de Santa Catarina conheceu seus tempos mais difíceis, piorando em janeiro de 1977 quando é transferido para a quarta morada, outra casa na rua Tenente Silveira, 120. Aí, mal tem condições de mostrar o acervo que, a despeito de tudo, nunca parou de crescer.
Durante esse tempo, Aldo Nunes pouco pôde fazer, além de manter sua fidelidade à Escolinha de Arte, cuja XVII exposição em 1977, foi levada a Itajaí. Em 1979, com a criação da Fundação Catarinense de Cultura, a Escolinha de Arte foi desmembrada do Museu.
Para se ter uma idéia da precariedade das instalações, basta dizer que Aldo chegou a mostrar parte do acervo numa exposição intitulada ARS/ARTIS VERÃO/77, montada no Centro Comercial Aderbal Ramos da Silva. Por ironia, ARS também são as iniciais do próprio governador que, em 1949, criava o museu.
Na Alfândega
A 2 de março de 1979, trinta anos depois de sua fundação, o Museu de Arte de Santa Catarina recebe um tratamento mais condigno, sendo instalado no antigo prédio da Alfândega, à rua Conselheiro Mafra, restaurado pelo governador Antônio Carlos Konder Reis. Marques Rebelo, se fosse vivo, repetiria que o ato inaugural “com a presença de altas autoridades, foi simples, florido e decente”.
Aldo Nunes batizou uma sala com o nome de Eduardo Dias e a outra como Victor Meirelles, com 244m² cada uma. Mas teve de instalar seu gabinete dentro de uma das salas de exposição, pois esta quinta morada abrigava também o Museu Histórico que, como bom vizinho, cedeu outra sala para o acervo do MASC – a esta altura com 485 peças.
Retomada a programação de exposições, foram vistas as individuais de Rubens Oestroem, Ernesto Meyer Filho (60 anos), Max Moura, uma retrospectiva de José Silveira D’Ávila, etc. Entre as coletivas, a reapresentação do Grupo de Artistas Plásticos de Florianópolis, criado em 1958, e Quatro Damas da Arte Catarinense, reunindo Eli Heil, Elke Hering, Jandira Lorenz e Suely Beduschi, exposição organizada por Harry Laus e levada ao Museu de Arte de Joinville.
Com a ida de Aldo Nunes para Belo Horizonte, a fim de fazer um curso de restauração e servir ao MASC nesse setor fundamental e até então bastante desprezado, em abril de 1981 assume a direção o artista plástico José Silveira D’Ávila (1924-1985), prêmio de Viagem ao Estrangeiro no Salão Nacional de Arte Moderna, em 1965.
D’Ávila não só ativou o programa de exposições como preocupou-se em desenvolver o artesanato catarinense e iniciar diversos cursos. Foi adquirida uma prensa para litografia e, em 1982, Antonio Grosso veio do Rio para ministrar cursos específicos desta técnica, enquanto outros professores encarregavam-se de ensinar desenho, pintura, tecelagem, etc. Esta a origem das Oficinas de Arte, ainda não estruturadas convenientemente.
A preocupação de D’Ávila com o museu e seu amor pelo artesanato, levaram-no a abrir um espaço para o comércio destes artigos, tentando minorar o problema de falta de recursos.
A 1° de junho de 1983, D’Ávila passa a trabalhar na Fundação Catarinense do Trabalho (FUCAT), ficando como diretor do MASC o diretor-adjunto desde 1979, Humberto José Tomasini, com 37 anos, desenhista, pintor, graduado em Letras pela UFSC. Por esse tempo já estava concluída a construção do Centro Integrado de Cultura, iniciativa do governador Jorge Bornhausen, onde o MASC teria sua sede definitiva. D’Ávila forma o Centro de Artesanato, da FUCAT, numa das salas do museu na Alfândega e Tomasini encarrega-se de levar o MASC para a sexta morada, no CIC
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Harry Laus, diretor do Museu de 1985 a1987 e 1989 a 1991 |
Maria Teresa Lira Collares, diretora de 1992 a 1998 |
Tempos Atuais
Agora o Museu de Arte de Santa Catarina possui quase 800 obras em seu acervo e está instalado numa ala de 1980m² do Centro Integrado de Cultura, no bairro da Agronômica, em Florianópolis, dispondo de um salão único de 1440m² para exposições.
Em seus 38 anos de existência, o MASC andou de Herodes a Pilatos, como um mau inquilino, e teve sete diretores, sem contar atual, entre eles o artista Aldo Nunes que o dirigiu por 12 anos, sendo hoje seu restaurador. Deve-se a ele, entre outras coisas, a tentativa de pôr ordem no acervo, descobrindo a falta das obras referidas neste Resumo Histórico.
Os tempos atuais, de fácil levantamento, contam com a presença de Harry Laus na direção, nomeado em 15 de julho de 1985. Jornalista, escritor, crítico de arte, atualmente com 64 anos, conta com instalações com o MASC nunca teve e com uma equipe coesa, a “família do museu”, numerosa com o museu também nunca teve. Lutando com a nova série de dificuldades para equipar os grandes espaços agora existentes, Laus espera compreensão e apoio para transformar o Museu de Arte de Santa Catarina no mais significativo Museu de Arte do Sul do Brasil.
Pesquisa Geral: Terezinha Sueli Franz
Redação Final e Pesquisa Complementar: Harry Laus
Atualizações Museológicas
Com sede definitiva e direção de Harry Laus, de 1985 a 1987 e de 1989 a 1991, atualizações museológicas gradualmente foram postas em prática no Museu de Arte de Santa Catarina. Durante o seu breve afastamento, Hugo Mund Júnior assumiu a direção e executou o que estava previsto, seguido por Édson Busch Machado.
Laus vinha do eixo Rio-São Paulo com experiência ativa que em pouco tempo começou a dar resultados, renovando o museu a partir de seu objetivo maior: redimensioná-lo em termos de contemporaneidade, sem, contudo, esquecer as suas funções tradicionais. A competência e atitude crítica de Laus fizeram do museu uma casa de arte sem precedentes.
Entre as mudanças, que na época significaram combater dificuldades, destacam-se a adequação das salas de exposições, a reorganização do acervo, o levantamento da memória, a implantação do núcleo de arte-educação, o projeto Indicador, retrospectivas e panoramas, além da anexação das Oficinas de Arte ao museu. Laus, em suma, viabilizou todos os setores que fazem parte dos aspectos museológicos.
O acervo, que sempre conviveu com condições inadequadas, na gestão de Laus passou a ter a devida atenção, começando com o tombamento de várias obras, assim como a correção de dados técnicos, e, sobretudo, seu crescimento a partir da Galeria da Casa da Cultura, criada em 1980 e com administração do MASC. Segundo pesquisa de Ronaldo Linhares, "através de edital distribuído às instituições culturais e artistas do País, eram apresentadas mensalmente exposições, tanto individuais como coletivas, onde os artistas tinham como compromisso a doação de uma obra para compor o acervo do Museu". Outras doações foram importantes, como a de Gileno Muller Chaves, paraense "que doou vinte e seis obras sobre papel de autores daquele Estado". O mesmo aconteceu com o Banco Central do Brasil, "repassando para o MASC quarenta e nove trabalhos, entre desenhos, gravuras e pinturas, de nomes importantes como Tarsila do Amaral, Clóvis Graciano, Cícero Dias, Marcelo Grassmann, Alfredo Volpi, entre outros".
O mesmo se pode dizer da memória, incompleta ou aleatória, sendo viabilizada desde os precedentes da fundação do museu até l987, com pesquisa de Terezinha Sueli Franz, um detalhado material microfilmado e editado com redação e pesquisa complementar de Laus no catálogo MASC 38 anos –1949/1987.
Coube, também, a Terezinha Sueli Franz propor a Laus um núcleo de arte-educação, implantado em 28 de julho de 1987 com o apoio de Lygia Roussenq Neves, na época, Superitendente da Fundação Catarinense de Cultura. O núcleo foi chamado de Setor de Serviços Educativos do Museu de Arte de Santa Catarina, Semasc. Conforme Terezinha Franz, "somente a partir de março de 1988 é que se pode falar em sistematização do atendimento ao público escolar. Alguns professores das escolas mais próximas ao MASC eram tão assíduos que incluíam as visitas às exposições no Planejamento Escolar Anual. Conforme relatórios da época, só no ano de 1988 foram atendidos pelo setor em torno de 3.000 estudantes, em encontros com artistas, oficinas de criação artística, projeções de slides e visitas monitoradas às exposições". O museu, com esta iniciativa, didaticamente passou a integrar-se à comunidade.
Para viabilizar mais ainda o museu como instrumento de produção de sentidos, Laus reuniu em livro, Indicador Catarinense das Artes Plásticas, notícias biográficas e curriculares de artistas nascidos ou que viveram e vivem em Santa Catarina.
Quanto aos eventos artísticos propriamente ditos, Laus investiu na dialética crítica com certames em retrospecto, Elke Hering e Fayga Ostrower em 1985, e certames curatoriais de maior abrangência, "Panorama Catarinense de Arte": pintura em 1984, desenho e gravura em 1985 e volume em 1990.
Continuidade
Laus esteve à frente do museu até 1991, deixando uma herança formada com inventividade.
Maria Teresa Collares, que dirigiu o museu de 1992 até 1998, teve o privilégio de dar continuidade a este modelo exemplar.
Entre as realizações de Maria Teresa Collares, em 1993 inaugurou-se a Sala Especial Harry Laus, climatizada, para exposições especiais como "Carretéis", pinturas de Iberê Camargo. Nesse ano o museu passou a produzir o Salão Victor Meirelles, mais tarde com abrangência nacional. Por outro lado, na gestão de Collares, o museu investiu em parcerias com a iniciativa privada, como, por exemplo, o projeto aprovado em 1995 pela Vitae -Apoio à Cultura, Educação e Promoção Social, de São Paulo, com o qual o acervo foi ampliado e equipado com trainéis móveis em aço para acondicionamento de obras em tela, mapotecas para obras em papel, prateleiras para obras em volume e aparelhos de controle de umidade e temperatura relativas do ar. Outras exposições de destaque foram realizadas, como "Gravuras e desenhos", em 1993, de Marcelo Grassmann, e “Momento de Guerra – Mementos”, em 1995, de Carlos Scliar.
Collares, juntamente com Nancy Bortolin, também foi responsável pela retomada do Indicador Catarinense de Artes Plásticas e da organização de Biografia de um Museu, porém sem poder publicá-los. Ainda em sua gestão, foi instituída a Associação Amigos do MASC - AAMASC.
Direção Recente
Com breve passagem no museu, no final de 1998, Rubens Oestroem foi substituído, em 1999, por João Evangelista de Andrade Filho, escritor, ilustrador e professor de história da arte.
João Evangelista concentra esforços na dinamização do museu através de exposições de artistas de outros centros culturais do País, como, por exemplo, a de Rubem Grilo, "Xilogravuras", e a de Athos Bulcão, "Retrospectiva", ambas em 1999. Observa-se, ao mesmo tempo, a ênfase na produção catarinense voltada para a expressão contemporânea da arte. Com o "1.° Mapeamento das Artes Plásticas de SC", durante o ano 2002, este objetivo foi atingido. A exposição, itinerante e com palestras em alguns municípios do Estado, motivou o confronto crítico entre artistas e, sobretudo, o questionamento em torno de curadoria. O MASC, para intensificar a "descentralização das ações do museu", em parceria com o SESC levou a efeito "A itinerância do Mundo Ovo de Eli Heil", exposição itinerante em Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul, como também "Pretexto Poético" e "A arte da gravura em Santa Catarina", ambas itinerantes em vários municípios do Estado e com oficinas práticas em torno de seus conceitos artísticos.
Outros projetos desencadeados anteriormente vieram à luz, como, por exemplo, a nova edição revista e ampliada do Indicador Catarinense das Artes Plásticas. Trata-se de uma primorosa edição encabeçada por Nancy Bortolin. Outro projeto anterior é Biografia de um Museu, idéia de Harry Laus, iniciada por Maria Teresa Collares, cabendo a Nancy Bortolin a continuidade e a preparação final dos originais.
Com o projeto "Restauração de Obras do Acervo do MASC", aprovado pela Fundação Vitae em 1999, a reserva técnica está recebendo atenção específica com a atuação especializada de Cláudia Philippi Scharf, que também treina os responsáveis atuais pelo acervo, Ronaldo Linhares e Cristina Maria de Siqueira. Das obras mais danificadas, vinte e duas foram restauradas e expostas no próprio museu, acompanhadas de documentação completa sobre o andamento dos trabalhos, um material didático substancial que pode ser publicado como já acontece com os cadernos do MASC. O projeto continua até 2003, abrangendo a restauração de obras sobre papel. Outro projeto patrocinado pela Vitae é "O museu e a escola", que desenvolve atividades de arte-educação nesse sentido.
A dedicação de João Evangelista ao museu continua apresentando resultados. Os mais recentes são o projeto de expansão do acervo e a exposição "A Poética da Morte na Cultura Brasileira", composta por obras e reproduções de artistas de várias regiões do País.
Redação e pesquisa complementar: Jayro Schmidt
Dados fornecidos por Nancy Bortolin, Cristina Siqueira, Terezinha
Sueli Franz, Christiane Castellen e Ronaldo Linhares
Fonte Biografia de Um Museu