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Telefone do responsável: 48-39532300 e 39532301
local: TEATRO ADEMIR ROSA
Organizador: Orth Produções
Valor(es): R$ 60,00 R$ 30,00 meia entrada NÃO ACEITA CHEQUE
Horário: 21;00

                 Em ‘Cruel’, o cotidiano é retratado a partir de suas pequenas histórias – sejam familiares, amorosas ou naquelas em que o embate é solitário e por isso mesmo ainda mais cruel. No nono trabalho da companhia que leva seu nome, a coreógrafa carioca propõe um jogo de interpretação aberta com o espectador.
“As histórias estão ali para serem apreendidas por cada um de um modo bem particular”, explica Deborah. É nos movimentos e na expressão dos 17 bailarinos da companhia que a companhia lança as peças do jogo, sem qualquer compromisso com a explicitação do sentido, mas sim com a exigência de sua produção. Mas está tudo na cena. Com o auxílio do diretor de teatro Gilberto Gawronski, os movimentos expressivos ganharam forma e intensidade.
Foi em ‘Nó’, espetáculo que estreou na Alemanha em 2005, partindo depois para cidades brasileiras, que Deborah sentiu uma mudança na sua linguagem: a presença mais forte da dramaturgia, de metáforas e sentidos. Hoje ela entende, era um caminho sem volta. "Depois de ‘Nó’, onde já trabalhamos com a narrativa a partir de diversas fontes, ‘Cruel’era uma direção natural", diz Deborah, que entre um trabalho e outro ainda criou, em 2006, ‘Maracanã’, por ocasião da Copa do Mundo.
A cultura teatral já estava impregnada no trabalho de Deborah Colker há pelo menos 24 anos. Foi em 1984 que a coreógrafa desenvolveu seu primeiro trabalho com a dramaturgia, fazendo a direção de movimento de "A irresistível aventura", espetáculo de Domingos de Oliveira, estrelado por Dina Sfat.  Depois disso, atuou como diretora de movimento em diversas peças. Era, portanto, uma idéia antiga de Deborah e de João Elias, diretor executivo da companhia e parceiro de longa data, trazer essa experiência teatral para os espetáculos do grupo. "Assim, para trabalhar com essas referências do teatro, o que fizemos em ‘Cruel’, na inexistência de um libreto, foi carregar os movimentos de intenções e sentidos", aponta Deborah Colker.
Numa construção coletiva, que durou cerca de um ano e meio, outros elementos foram incorporados ao novo trabalho, como um texto de Fausto Fawcett e uma história escrita por Fernando Muniz. "Todas essas colaborações acabaram servindo como munição nesse processo criativo, sendo absorvidas através da dança e criando uma costura nas situações que se apresentam", conta Deborah. "Mas o que se verá não é novela, não é teatro. É dança", pontua a coreógrafa.
O espetáculo de dança, portanto, se desenvolve em quatro principais momentos, em dois atos. No primeiro deles, há a preparação para um baile, com gestuais, situações e objetos da experiência cotidiana. Assistimos a uma espécie de apresentação dos protagonistas dessas muitas "situações" que entrarão em cena.
Em seguida, à volta de um grande lustre redondo e rendado, que ocupa o centro do palco, e ao som de uma valsa de Vivaldi, de Nelson Gonçalves ou mesmo das palavras leves e roucas de Julie London, transcorre, em clima de reminiscências, o grande baile, com pas-de-deux, movimentos líricos e a lembrança viva dos romances nos grandes salões: a paixão, o arrebatamento, o encontro do par perfeito, da cara metade. Estamos diante de uma formatura? De um casamento?  
Aos poucos, pequenas transformações de climas e intensidades denunciam o curso do tempo. Toma lugar em cena uma grande mesa móvel (de cinco metros de comprimento). É em torno dela que se desenvolvem as relações familiares, os encontros e desencontros que marcam as mutações dos afetos.
 
 
 
 
Com esse grande objeto em cena, Deborah Colker mantém evidente uma constante em seu trabalho: a relação primordial entre espaço – e a interferência no espaço - e movimento. "É sempre o espaço que propõe para mim uma nova relação com os movimentos", diz Deborah. Um palco vertical (‘Velox’), uma grande roda (‘Rota’), a estrutura de uma casa tomando conta da cena (‘Casa’) e uma centena de vasos espalhados pelo chão (‘4 por 4’) foram algumas das apostas da coreógrafa nesses quase 15 anos de companhia.
No segundo ato de ‘Cruel’, um jogo de grandes espelhos que se movimentam empresta um tom surrealista ao espetáculo. Fragmentos dos corpos atravessam as estruturas, pessoas se entremeiam e se confundem.  Nesse cenário de reflexos e luzes, cada um está mais só e experimentando o acúmulo de suas histórias pessoais. "Em frente ao espelho é só você. E sua história se reflete na sua própria imagem", sublinha a coreógrafa. Sua nova aposta está no encontro entre o violento e o amoroso, o cruel e o sensível. Esse é também o encontro entre o lúdico e o trágico, o romance e a dor. O encontro entre pessoas.
Os grandes parceiros da companhia estão presentes em ‘Cruel’: Gringo Cardia, que assina a direção de arte e cenografia; Jorginho de Carvalho, que comanda a iluminação, e Berna Ceppas, responsável pela trilha sonora que funde composições originais feitas por ele e em parceria com Kassin, colagens de música clássica a expoentes da produção urbana contemporânea, criando um corpo musical ao mesmo tempo diversificado e coeso.
Os figurinos, uma leitura ao mesmo tempo clássica e contemporânea dos trajes de grandes bailes, ficam por conta do estilista Samuel Cirnansck, grande destaque nas semanas de moda de São Paulo, em sua primeira colaboração para o grupo.
Assim, ‘Cruel’, o 9º espetáculo da Companhia de Dança Deborah Colker, segue seu próprio caminho - parte de uma história em pleno curso. Neste ano, a Cia. comemora 15 anos de parceria com a Petrobras, sua patrocinadora exclusiva.