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O Governo do Estado de Santa Catarina e a Fundação Catarinense de Cultura (FCC) manifestam profunda tristeza pela perda do músico Marcelo Muniz, do Grupo Engenho, ocorrida na manhã desta sexta-feira (13), na capital.

Além de renomado músico, Marcelo Muniz foi membro do Conselho Estadual de Cultura (CEC), gerente da FCC e integrante da Comissão de Organização e Acompanhamento do Edital Elisabete Anderle. Foi um grande parceiro na construção de políticas públicas para a cultura catarinense, sempre atento às necessidades do segmento.

Como forma de homenagem ao artista, reproduzimos um texto do cineasta Eduardo Paredes, membro da atual composição do CEC:

A ILHA E A CULTURA CATARINENSE PERDEM MARCELO MUNIZ 
Filho de uma ilustre e querida família de grandes artistas de Floripa, ícone da música catarinense - um dos fundadores do lendário Grupo Engenho - Marcelo Muniz acaba de nos deixar. Não resistiu mais às complicações de saúde que já o castigavam há um bom tempo. Que sua alma agora tenha muita luz e paz e que os amigos possam ainda levar um último adeus e render todas as homenagens que merece.
Marcelo era filho do S. Alcebiades e da grande Ninita Muniz, uma guerreira, lutadora, visionária e líder empresarial, que na gestão municipal de Edson Andrino foi secretária de Desenvolvimento Econômico e criadora do Pólo do Vestuário de Florianópolis. Sempre tive uma grande admiração por ela. E não menos pelos seus filho.
Marcelo, que dominava violão, baixo, orocongo, piano, violino e voz, foi uma figura marcante na cultura catarinense a partir do antológico Grupo Engenho. Fez história ao lado do amigos e parceiros de vida Alisson, Frazê, Chico Thivez, aos quais se juntaram em diferentes momentos Luiz Mokarzel, o grande sanfoneiro Cristaldo, Leleco, Neco e tantos outros.
A identidade do Grupo Engenho se confundia com a da Ilha de Santa Catarina. Marcelo era um ilhéu de corpo e alma. Defensor intransigente dos valores, dos talentos, do sotaque, da história e da cultura do povo ilhéu. Suas passagens mais brilhantes nunca serão esquecidas, com o Grupo Engenho e em tantas outras ocasiões festivas, como na montagem do espetáculo "Catarina - Ópera da Ilha", que foi algo até hoje inigualável, na minha modesta opinião. E o Marcelo estava lá, liderando a troupe.
Mas também tinha o lado de agitador cultural, de defensor da cultura e das coisas da terra, sem papas na língua. Sempre foi divertido e um aprendizado compartilhar com ele uma mesa de boteco. O papo era ótimo e rolava frouxo, terminando, obviamente, em uma roda musical da melhor qualidade. Santo Antônio de Lisboa, a Gambarzeira, certamente vão lhe render um tributo especial.
Sei que essa despedida é um momento de dor e tristeza para toda a família e os numerosos amigos que Marcelo arrebatou em vida. Mas vamos também celebrar o convívio, a alegria e a felicidade que foi tê-lo por perto, que foi poder desfrutar da sua amizade, do conhecimento que tinha e transmitia, do seu talento e da arte que foi a sua razão de viver.
Que a "força madrinheira", Ninita e Seu Alcebiades, a sua adorada filha Andiara, cuja partida precoce tanto o dilacerou, e uma legião de anjos o acolham na eternidade. Descanse em paz, irmão!
Meus sinceros sentimentos de pesar e um forte abraço à Zilá, Maurício, Bido, Caio, Júlia e toda família Muniz.  Como diz a letra da música mais cantada e famosa do Grupo Engenho:
Hoje to triste pescador
Perdi o amigo Chicão
Morreu de cansaço dos barcos
Lá na barra da lagoa
Lagoa da Conceição
Lagoa da Conceição
Hoje não tem cantoria
Nem vai ter boi de mamão
Renda em dobro pra Maria
Que é rendeira da lagoa
Lagoa da Conceição
Lagoa da Conceição.