A jornalista Rosana Bond lança no próximo dia 18 de novembro, às 17h, no hall da Biblioteca Pública de Santa Catarina, seu mais recente trabalho de pesquisa. Trata-se do livro "A Saga de Aleixo Garcia – O descobridor do império inca – Edição revista, ampliada e com anexos". O evento contará com bate-papo com o público.
A obra é uma versão impressa que estava esgotada há vários anos e que agora a Editora Insular decidiu reeditar, com 251 páginas e informações inéditas. De acordo com a pesquisa, o famoso império dos incas peruanos não foi descoberto pelos espanhóis Francisco Pizarro/Diego de Almagro e sim por um náufrago de Florianópolis, Aleixo Garcia, que chegou ao Alto Peru (atual Bolívia) sete anos antes dos castelhanos. “Portanto a história oficial está equivocada”, afirma a repórter, que levantou o tema em 1996 e o editou em 98 e 2004.
Entre os informes inéditos dessa nova edição, o mais impactante, segundo Rosana, é que foram descobertos no interior boliviano os guaranis que
viajaram com Aleixo. Ou seja, os descendentes dos índios catarinenses que guiaram o náufrago aos Andes, 500 anos atrás, e que ficaram naquela área, ainda guardam a lembrança ancestral da longa expedição e chamam Aleixo de “nosso pai”.
Rosana afirma que eles também se recordam do litoral de Santa Catarina, onde os antepassados viviam antes da viagem. E em memória desse local
da costa sul brasileira, distante, belo e à beira de uma grande água sem fim, realizam todo ano uma cerimônia sagrada. Esta história é contada no Anexo 5 do novo livro: Ritual guarani boliviano – Uma singular memória sobre a expedição / Aleixo Garcia como o ‘pai que trouxe nosso
povo’. “Consegui papéis e relatos pouco conhecidos por boa parte dos estudiosos e agora pude revelar aspectos ‘misteriosos’ desta história empolgante”, diz Rosana.
Um dos “mistérios” foi o percurso mais completo feito por Aleixo, por trechos até aqui ignorados do chamado Caminho do Peabiru. “Tudo que coloquei no livro é confirmado por documentos. Utilizo desde manuscritos de 1500, boa parte encontrados pelo estudioso Fábio Krawulski Nunes, de Jaraguá do Sul, até outros escritos mais recentes de universidades brasileiras”, diz Rosana. E completa: “Assim posso garantir que Aleixo trilhou o caminho do Rio Itapocu (Tape Poku, caminho comprido, em guarani) e que o Peabiru catarinense não passava por Joinville e Garuva, como um grupo deseja falsamente impor”.
Biografia da escritora
Autora de mais de 20 livros sobre conflitos na América Latina e a saga dos povos ameríndios, a paranaense é radicada há muitos anos em Florianópolis. Após passar por diversas redações, Rosana Bond trocou o jornalismo pelos livros nos anos 1990, tornando-se pesquisadora nas áreas de história e geografia. Também se voltou ao público infantojuvenil, publicando "A magia da árvore luminosa", "Crescer é uma aventura" e "O senhor da água". Entre seus livros mais conhecidos estão "Nicarágua: a bala na agulha" (1985), "Sendero luminoso: fogo nos Andes" (1991), "A civilização inca" (1993), "O caminho de Peabiru" (1996), "A saga de Aleixo Garcia, o descobridor do império inca" (1998), "Peru: do império inca ao império da cocaína" (2004).
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