A Casa da Alfândega, famoso ponto de exposição, comércio e valorização do artesanato de qualidade produzido em Santa Catarina, reabriu suas portas no dia 17 de dezembro de 2008. Localizada no Centro de Florianópolis e fechada desde o início de novembro para restauração do reboco interno e reestruturação do ambiente, ela voltou a receber o público totalmente reformulada. Entre as novidades traçadas pela Fundação Catarinense de Cultura (FCC), mantenedora do espaço, estão a qualificação do artesanato vendido no local, com a criação de um selo de qualidade, e a venda por meio de cartões de crédito e débito.
Com mobiliário novo e comunicação visual repaginada - aventais, sacolas de papel ao invés de plástico, embrulhos com a marca da casa e uniformes para os funcionários -, a Casa da Alfândega passará a ser conhecida como Centro da Cultura Popular Catarinense. No local, o artesanato catarinense, mapeado ao longo do ano pela Diretoria de Patrimônio da FCC, estará em permanente exposição, desde a herança açoriana, presente nas rendas e nos crivos, até a arte vinda da Região Serrana e do Vale do Itajaí. O espaço também terá apelo turístico, com venda de cartões-postais e souvenires, além de sistema de ar-condicionado.
"A nossa intenção é ter um espaço digno para valorizar a produção dos artesãos de nosso Estado", afirma a administradora da Casa da Alfândega, Luca Polli. Outra novidade é a qualificação do artesanato oferecido: os produtos passarão por uma curadoria, formada por especialistas vindos de entidades como a Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), associações de artesãos profissionais e a própria FCC. Cada peça será vendida com um selo de qualidade que ajudará a tornar o artesanato catarinense conhecido mundialmente. A partir de 2009 serão oferecidas oficinas para os artesãos, buscando a melhora da arte e da técnica dos profissionais. "Não queremos interferir na criação", salienta Luca.
Depois de pedidos do público - uma média de 15 mil visitantes por mês, 40 mil durante a alta temporada -, será possível, no novo espaço, comprar com cartões de crédito e débito. Os cerca de mil produtos de artesanato vendidos no local custarão entre R$ 3,00 e R$ 2 mil. O espaço físico, localizado no térreo, será divido em três partes. A primeira será o local onde as peças de artesanato ficarão expostas. A Integração do Saber Popular, na parte central, será um local pra mostras gastronômicas das regiões catarinenses, palestras e troca de saberes. No terceiro ambiente serão oferecidas as oficinas de qualificação do artesanato. "Acredito ser esse um importante passo para a valorização da cultura popular catarinense", destaca a presidente da FCC, Anita Pires.
Tombado - O "Prédio da Alfândega" foi inaugurado em 1876, no aniversário da Princesa Isabel, Regente do Império. Quase um século depois, em 10 de março de 1975, foi tombado como monumento nacional pelo Governo Federal. Atualmente o edifício pertence à União, que cedeu ao Estado de Santa Catarina o seu uso para fins culturais, mediante contrato de Cessão Gratuita firmado em 17 de setembro de 1976. Hoje ali funcionam, além da Galeria de Artesanato da Casa da Alfândega, no térreo, e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan/SC), no piso superior, a Associação Catarinense de Artistas Plásticos (Acap), também no térreo.
é na área atualmente ocupada pela Acap que deverão funcionar as oficinas de qualificação do artesanato catarinense, atendendo a demanda das dezenas de artesãos oriundos das diferentes regiões do Estado. O espaço foi cedido pelo Estado para a Associação por um período de dez anos, através de Decreto datado de 29 de julho de 1998. Independentemente do prazo já estar expirado, a União entendeu que a presença dos artistas plásticos naquele espaço feriu o contrato de cessão com o Estado, e determinou que a área ocupada pela Acap fosse desocupada, sob pena do Estado ter sua cessão de uso revertida à União, não mais podendo usufruir do mesmo. A presença da Acap naquele espaço também foi questionada pelo Ministério Público, que apontou que a presença da associação ali fere diversos preceitos legais, entre eles o artigo 5 da Constituição da República, que estabelece o princípio da isonomia ao dispor que "todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza", já que a cessão do espaço para a Acap pode ser considerada um privilégio não oferecido a outras associações, como as de profissionais da música, teatro, dança, cinema, etc. Tão logo o espaço seja desocupado, a FCC iniciará a adequação do mesmo para a realização permanente das oficinas de qualificação.
A Casa da Alfândega funciona de segunda a sexta, das 9h às 19h, e nos sábados, das 9h às 12h. A entrada é gratuita.
O QUê: Reabertura da Casa da Alfândega - Centro da Cultura Popular Catarinense
QUANDO: quarta-feira, dia 17 de dezembro de 2008, às 18h30
ONDE: Rua Conselheiro Mafra, 141, Centro, Florianópolis - Fone: (48) 3028-8100 / 3028-8102
QUANTO: gratuito
Foto: Márcio H. Martins / MIS-FCC
Doraci Girrulat está de volta e ocupa a Sala Especial do Museu de Arte de Santa Catarina com uma exposição que reflete sobre o sentimento de "deslimites" provocado por sua obra. Artista desbravadora, que introduziu a linguagem contemporânea em Santa Catarina, é mestra na investigação e no experimento no campo da materialidade.
Doraci foi assim saudada pelo crítico João Evangelista de Andrade Filho em seu discurso de abertura, na noite de terça-feira, do 10º Salão Nacional Victor Meirelles, ao qual a exposição está integrada.
A mostra faz uma retrospectiva com plotagens de fotos de obras, esculturas, objetos e gravuras, e lança um novo olhar sobre sua gramática visual com uma exposição conjunta de obras de 10 ex-alunos de Doraci no curso de Artes Plásticas na Udesc. São eles: Adriana Fritzen, Carlos Asp, Dirce Körbes, Indian Hoewell, Luana Wedekin, Maia, Dirce Teresa da Guarda, Raquel Stolf, Regina Melim, Ricardo Ramos e Sílvia Teske.
Para João Evangelista a contemporaneidade de Doraci também está associada a sua convivência a outras artistas de vanguardas, que inclui Ligia Clark, José Rezende e Helio Oiticica. "Entre os catarinenses, quem mais prematuramente, mais completamente, mais apostolicamente se entregou a esse desejo de liberdade e se apegou às possibilidades reais que o novo estatuto artístico estava em condições de oferecer, foi a artista Doraci Girrulat", escreve João na apresentação da mostra.
João Otávio Neves também aponta em Doraci um referencial para romper com a arte anacrônica e de tosca execução que se fazia em Santa Catarina nos anos 1970. Na década seguinte, haveria um rompimento com a arte reinante, de mau gosto provinciano, cujo conceito "resumia-se a clichês permeados de peixes, bruxas, boitatás e similares", expõe Janga. Doraci é um dos pilares para a oxigenação ocorrida em Santa Catarina a partir dos anos 1980.
O artista e ex-aluno Carlos Asp diz que DG, conforme ele denomina, sempre foi visionária, sensitiva.
- Tive a grata felicidade de tê-la como professora na Udesc, quando, no final dos 1980, nos abria múltiplas oportunidades no território das investigações matéricas. Esta seria talvez uma boa ocasião para encetarmos uma reflexão sobre sua produção.
Serviço |
Quando: até 4 de janeiro. De terça a domingo, das 13h às 21h |
Onde: Sala Especial do Museu de Arte de Santa Catarina (Masc), no Centro Integrado de Cultura (CIC), Av. Irineu Bornhausem, 5.600, Bairro Agronômica |
Ingresso: entrada franca |
Foto / Diário Catarinense: Na mostra de Doraci estão plotagens de fotos de obras, esculturas e gravuras que revelam uma nova gramática visual Serviço
Reunir grupos universitários para promover o intercâmbio cultural e fomentar amizades é o objetivo do 7º Encontro Sul-Brasileiro de Corais, que acontece no dia 29 de agosto. O evento é realizado pela Unochapecó, em parceria com o governo do Estado através da Fundação Catarinense de Cultura e da Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte. Também colaboram com o Encontro, a Caixa Econômica Federal, o supermercado Celeiro, a Fundação Cultural Chapecó e o Estúdio Chama.
Participam desta edição, além do Coral Unochapecó; os corais da Furb, da UFSM, da Uri Erechim e da Uri Frederico Westphalen, da UPF, da Univille, da Univali, e o Coral Campos de Palmas. O evento acontece no Centro de Eventos Plínio Arlindo de Nês, às 19h30, e a entrada será franca. Durante o dia, os grupos também farão apresentações em vários pontos da cidade.
Em 2008, cerca de quatro mil pessoas assistiram às apresentações, que envolveram 250 cantores e 9 regentes de diferentes universidades dos três Estados da região Sul. Para o regente do Coral Unochapecó, Ederson Vieira, o evento estimula a formação de platéia e a socialização e pesquisa do canto coral.
O evento
O Encontro Sul - Brasileiro de Corais Universitários é promovido pelo Coral Unochapecó, desde 2003. A primeira edição foi realizada durante as festividades do primeiro aniversário da universidade, e desde então é promovido todos os anos. A marca desde o início foi a receptividade para com os Corais visitantes e a alegria de cantar. A troca de informações a respeito do cotidiano dos ensaios dos grupos, do dia-a-dia enquanto universitário, e a troca de músicas, oportunizaram a criação de laços de amizade de modo informal, mas que permaneceram através dos anos.
ProgramaçãoSábado, 29 de agosto
7h30 às 8h30 - Recepção e café na Unochapecó
9h às 12h - Apresentações itinerantes pela cidade
12h às 13h - Almoço
14h às 17h - Passagem de som
19h30 - 7º Encontro Sul-Brasileiro de Corais Universitários
22h - Jantar de confraternização
O Seminário "Intercultura e Poéticas Teatrais: oriente, ocidente, transfigurações", organizado pelo Grupo de Pesquisa Poéticas Teatrais e pelo Programa de Pós-Graduação em Teatro (Mestrado e Doutorado) do Centro de Artes da Udesc, traz para Florianópolis importantes nomes na área das artes cênicas. Os diversos aspectos do tema interculturalidade serão abordados por pesquisadores que vêm da Itália, Costa Rica, São Paulo e Salvador para o evento realizado entre 18 e 22 de novembro, no Centro de Artes da Udesc.
De acordo com os coordenadores do projeto Milton de Andrade e Valmor Beltrame, o projeto visa discutir novos paradigmas de pesquisa intercultural e promover encontros entre pesquisadores que, de diferentes modos, vêm concentrando suas pesquisas no tema das "contaminações" estéticas e culturais. O evento conta com apoio e financiamento da Fapesc.
A programação, que é aberta e gratuita, conta com argumentos que cobrem vastos territórios de passagem entre culturas: a tradição do drama maia Rabinal Achí, da Guatemala; o drama satírico nicaragüense El Güegüense; as relações entre o Kyôgen japonês e a Commedia dell´arte italiana; o Butô, o Mono-ha e o Superflat do japão contemporâneo; as aproximações entre o Sistema Laban/Bartenieff de análise do movimento e o aprendizado da dança clássica indiana Bharatanatyam; e atualidades imperdíveis sobre a dança contemporânea européia, este último argumento tratado por uma das maiores historiadoras da dança, Eugenia Casini Ropa, da Universidade de Bolonha (Itália).
Além de Casini Ropa, estarão em Florianópolis Dora Cerdas (Costa Rica) e as pesquisadoras brasileiras Christine Greiner, Darci Kusano e Ciane Fernandes, que ministrarão curso prático sobre dança clássica indiana.
Confira abaixo a programação completa:
Seminário Internacional
Intercultura e Poéticas Teatrais: oriente, ocidente, transfigurações
PROGRAMAçãO
- Dora Cerdas (Universidade Nacional da Costa Rica)
Interculturalidade e tradições centro-americanas: o drama maia Rabinal Achí (Guatemala) e o drama satírico El Güegüense (Nicarágua)
18/11, das 14h às 16h
- Eugenia Casini Ropa (Universidade de Bolonha - Itália)
Entrelaços de ramos e raízes: a dança européia no terreno composto da intercultura
19/11, das 9h às 12h
20/11, das 9h às 12h e das 15h às 18h
- Christine Greiner (PUC - São Paulo)
In-traduções do ocidente: três movimentos das artes do corpo no Japão -
Butô, Mono-ha e Superflat
19/11, das 14h às 18h
- Darci Kusano (São Paulo)
Um paralelo entre o Kyôguen e a Commedia dell´arte
21/11, das 9h às 12h e das 15h às 18h
- Ciane Fernandes (Universidade Federal da Bahia)
Percepção e Performance: Sistema Laban/Bartenieff no aprendizado da dança clássica indiana Bharatanatyam (seminário prático)
22/11, das 09h às 12h e das 14h às 17h
SERVIçO
Seminário Internacional Intercultura e Poéticas Teatrais: oriente, ocidente, transfigurações
De 18 a 22 de novembro de 2008
No Ceart - Av. Madre Benvenuta, 1907
Evento gratuito e aberto ao público.
Mais informações pelo telefone 3321-8353, das 14h às 18h
A exposição Maria Celeste - 90 anos, superou as expectativas dos organizadores, visitantes e da própria artista. Entre os dias 10 de junho e 02 de agosto, cerca de 1100 pessoas passaram pelo Museu Histórico de Santa Catarina e puderam ver de perto mais de 60 trabalhos escolhidos pelo crítico de arte João Otávio Neves Filho, o Janga.
A mostra foi planejada por amigos e familiares de Maria Celeste para comemoração de seu aniversário. A artista soube da exposição apenas dois dias antes e afirma que ficou muito satisfeita com os resultados: "A mostra foi além do que eu imaginava. A exposição teve uma repercussão muito grande aqui, em outros estados e até na Amazônia.". Já a visitante Jandira Spalding, destaca que "todos perceberam a intenção dos administradores do Museu em torná-lo uma casa aberta, recebendo as pessoas com muita cordialidade e calor humano".
Também conhecida como "Maria dos Paninhos", a artista começou a fazer tapeçaria aos 64 anos. A obra de Maria Celeste retrata festas, trabalhos, brincadeiras e lendas do cotidiano ilhéu. Maria Celeste explica que não há como ensinar sua arte: "Hoje eu faço bordado solto. Primeiro, há a colagem dos retalhos e depois eu bordo. Não tem um jeito certo. Vai um ponto para cada lado. Quando começo, não sei como vai terminar". Segundo o livro "Em nome do autor", a obra de Maria Celeste é inédita, não há trabalho semelhante no Brasil.
Essa foi a segunda vez que a artista apresentou suas tapeçarias no MHSC. Fora do Estado, suas obras já passaram por museus em Brasília e Curitiba.