O Teatro Álvaro de Carvalho (TAC) recebe nesta sexta-feira (14) o espetáculo "Crime", do Grupo Armação. A apresentação começa às 20h30.

Fundado em 1972, um dos mais tradicionais grupos de teatro de Santa Catarina encerrou 2022, ano de seu cinquentenário, com a montagem do espetáculo "Crime", texto inédito do dramaturgo e diretor Antônio Cunha, que também assina a direção. O espetáculo, que fez temporada na Casa do Teatro do Grupo Armação, em Florianópolis, nos meses de outubro e novembro de 2022 e maio e junho de 2023, terá uma única apresentação no TAC – Teatro Álvaro de Carvalho, no Centro de Florianópolis.

Com nove atores em cena, o elenco reúne atores e atrizes históricos da companhia com novas e importantes aquisições, dentro desse permanente movimento de renovação que permitiu ao grupo chegar atuante ao seu quinquagésimo ano. 

Sinopse:

França, 1835. Em uma aldeia rural, um camponês de 20 anos comete um triplo crime: degola a sua mãe, a sua irmã de 18 anos e o seu irmão de 9 anos. As razões que motivaram o rapaz, Pierre Rivière, a cometer esses crimes chocantes serão motivo de instigantes debates por onde perpassam várias matrizes discursivas, num leque de narrativas que abrange desde as versões do assassino, as dos juízes, dos psiquiatras e médicos e da população vizinha. Uma das falas explicativas de Pierre é exposta num memorial escrito em que o autor, tanto do crime quanto do texto, explicita as suas motivações e razões para matar parte da sua família.

O fato ficou mundialmente conhecido após a publicação, em 1973, do livro “Eu, Pierre Rivière, Que Degolei Minha Mãe, Minha Irmã e Meu Irmão”, resultado de um trabalho realizado por uma equipe em um seminário do College de France e dirigido por Michel Foucault. A obra se apoia nas diversas narrativas que são deixadas em aberto na análise propositadamente não conclusiva de Foucault e sua equipe que, cientes de que a fala do assassino seria apenas mais um discurso que não daria conta de captar a “verdadeira” razão do crime, deixando vislumbrar que a perspectiva da fala de cada um dos atores que se envolveram na questão constrói uma narrativa diferente.

A dramaturgia se apropria de uma parte dos diferentes discursos de origem a respeito do fato e, a partir destes, desenvolve outros, utilizando-se de alguns personagens reais e outros imaginados. As impressões deixadas por médicos, funcionários públicos e cidadãos são, por exemplo, postas nas vozes de uma trupe de atores mambembes que fazem as vezes de aldeões e pelo juiz de paz da aldeia e seu escrivão, vindo muitas vezes ao encontro de questões atuais. Na peça, a figura da mãe assassinada ganha um corpo etéreo e fala “por si mesma"; a arrogância e a parcialidade estão na fala e na postura do juiz inquiridor a radiografia incômoda de uma sociedade diante da Justiça e das injustiças está no todo. 

FICHA TÉCNICA:

Elenco:

Chico De Nez
Carlos Zoega
Margarett Westphal
Nazareno Pereira
Ivana Brazil
Max Hablitzel
Luiz Naas
Laura Manuella
Rogaciano Rodrigues

Equipe:

Texto e Direção: Antônio Cunha
Colaboração na Pesquisa do Tema: Ivonete da Silva Souza
Figurino: André Francisco Dalsegio
Iluminação: Rogaciano Rodrigues, Helinho Sol e Antônio Cunha
Criação da Cenografia e Arte Gráfica: Antônio Cunha
Execução da Cenografia/Cenotécnico: Osni Cristóvão
Maquiagem e Contrarregragem: Míriam W. Cunha
Operador de Luz: Antônio Cunha
Registro Fotográfico: Luiza Filipo
Registro Audiovisual: Renan Ramos Rocha
Costura: Maria Regina Furbringer
Produção Executiva: Joice Silva
Produção e Realização: Grupo Armação
Apoio: RenauxView – FORS Clothes & Arts – TEIA Fashion Lab

Ingressos à venda no site Sympla