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Harry Laus - Diário Catarinense - 25.02.92

“Será necessário lembrar aos artistas de Santa Catarina que o MASC guarda o maior e  mais valioso acervo artístico-histórico deste pedaço de Brasil?

Será necessário lembrar às diversas associações  de  artistas  plásticos  do   Estado que esse patrimônio é, parte efetiva  (e afetiva) de sua própria existência?”

 

Ruth -  Porto Belo,3 de março de 2002   

Harry, meu irmão,aquela valiosa-semente que desejaste plantar, em vida, e não encontrando terreno adequado a deixaste em mão competentes e amigas, germinou. Germinou, cresceu e gerou o precioso fruto que buscaste quando habitavas a terra e dirigias o Museu de Arte de Santa Catarina. Não foi fácil seu germinar porque a aridez é natural em terrenos que cultivam o saber. Mas em mão hábeis nas quais deixaste a semente, realizaram o milagre e a elas devem ser gratos os catarinenses.
Como é bem sabido um Museu, em qualquer parte do Universo, é um monumento erigido à cultura, à busca do saber; e sua Biografia sua história de como e por que germinou, cresceu e deu frutos é a homenagem devida aos que o buscam em favor de seus conhecimentos pessoais.
Hoje a Biografia que desejaste plantar existe, Harry, e eu estou alegre-triste: a alegria de quem lutou anos e anos a teu lado pelo desenvolvimento cultural de nosso País, e a tristeza de participar sozinha deste teu sonhado e grande Momento. Não estamos mais juntos vivendo as pequenas vitórias conseguidas dentro de tantas lutas comuns... 
   Mas, os que ficaram, teus “catarinas”, estão sendo premiados.
    Valeu, irmão!
     Até um dia!

 

Aldo Nunes - ex-diretor do MASC e artista plástico

O MASC é importante porque guarda parte da essência cultural catarinense especialmente pela manifestação das artes plásticas e visuais de algumas gerações.
... É importante porque foi o primeiro museu de artes plásticas criado no Estado de Santa Catarina e instalado em Florianópolis.
... É importante pela qualidade de seu acervo.
... É importante porque mantém a memória significativa das artes plásticas catarinenses deste século.
... É importante porque tem se atualizado técnica e didaticamente.
O MASC é importante porque tem cumprido suas finalidades junto a sociedade.

 

 Carlos Scliar - artista plástico

O convite para mostrar meus desenhos realizados nas horas de folga da minha participação como soldado da FEB, em 1944-45, na Itália, exposição comemorativa aos 50 anos do final da guerra contra o nazi-facismo, no Museu de Arte de Santa Catarina, foi também a oportunidade de rever Florianópolis e reencontrar amigos queridos.
É gratificante descobrirmos o alto nível do que vem sendo construído em nosso país no setor de arte e de sua divulgação. A qualidade, a seriedade e empenho dos profissionais que encontrei no MASC me gratificaram. Creio que com este trabalho, Florianópolis torna-se uma cidade obrigatória no roteiro da divulgação e participação da arte e da cultura que se realiza hoje no Brasil e no mundo.

 

Cleber Teixeira - bibliófilo e poeta

Desde de que foi criado, em 1949, o Museu de Arte de Santa Catarina faz muito mas pela arte em Santa Catarina do que se poderia esperar de uma instituição pública que conta com poucos recursos, reduzido quadro de funcionários e quase nenhum apoio da comunidade. Foram muitas as dificuldades para manter ativo o nosso MASC nestes 51 anos de vida e muitas também as pessoas a quem devemos este serviço. Citar os diretores e os muitos funcionários que lá passaram e outros que lá estão é um dever de gratidão, mas por dever de justiça convém não esquecermos que nossa divida maior é com dois ou três diretores ou quatro funcionários e que aqui não cabe destacar nomes (a lembrança de nomes que não podem ser esquecidos não impede o esquecimento de nomes que devem ser lembrados). Para que o MASC continue cumprindo o seu dever é preciso que o governo lhe dê o recursos necessários e que a sociedade catarinense não esqueça que o MASC é nosso e que também precisamos trabalhar para que ele possa fazer cada vez mais pela preservação e divulgação da arte que se faz no Brasil.

 

Edilson de Carvalho Viriato
artista plástico

MASC: entidade militante da arte e da contemporaneidade no contexto nacional. Fonte de cultura na qual homens de hoje e do amanhã poderão ver contada através das artes plásticas, “o tempo”.
O museu propõe aos visitantes um roteiro variado: propostas alternativas, didáticas, impactantes e históricas, enriquecendo a cada ano que passa.
Com uma equipe de profissionais competentes, suas contínuas realizações vêm concretizando e definindo sua tarefa, a de um museu de destaque. A passagem por ele, de artistas representativos e a existência de um bom acervo, faz figurar sua importância no país.
No trabalho e no caráter expressa-se a ação no qual o registro é o resultado demarcado frente a um percurso de qualidades e projeções, pois uma casa, que respeita seus visitantes sempre será respeitada.

 

Eglê Malheiros  - escritora

 Filho de uma exposição de arte contemporânea trazida a Florianópolis, com o apoio do Grupo Sul, pelo escritor Marques Rebelo, em 1948, a qual, temperada pelas instigantes palestras do mesmo, causou aplausos entusiasmados e indignação esbravejante, o Museu de Arte Moderna de Florianópolis ( atual MASC ) representou o encontro de nossa terra com a modernidade . depois de uma trajetória acidentada, formou-se como uma casa de cultura dinâmica e atuante . Que nos muitos anos que terá à frente continue a ser um foco de disseminação da arte, em suas formas variadas e fecundas, sabendo fugir aos modernos estéreis impostos pelo mercado e seus corifeus .

 

Hamilton Abade Valente Ferreira - Grupo Sul

Na década de 40 um grupo de jovens de Florianópolis fundou a “Revista Sul”, que era distribuida a intelectuais e escritores de todo o Brasil. Entre estes últimos se incluia MARQUES REBELO que, entusiasmado com a Revista, levou para Florianópolis uma coleção de quadros de pintores brasileiros.
Esta coleção foi exposta, com o patrocínio do Itamaraty, no pátio interno do Grupo Escolar Dias Velho, dando origem ao MUSEU DE ARTE DE SANTA CATARINA que está completando agora seu cinqüentenário.
Foram os princiapais promotores locais da criação do Museu escritores catarinenses, entre os quais se destacaram Eglê Malheiros, Salim Miguel, Ody Fraga e Silva, Aníbal Nunes Pires, Archibaldo Cabral Neves, Antonio Paladino, Armando Carreirão, Elio Balstaedt e Oswaldo Ferreiro de Melo (Filho).
Marques Rebelo foi saudado, na inauguração do MUSEU, por um aluno do curso primário daquele Grupo Escolar cuja professora, revelando uma inovadora visão da educação, levou para a solenidade todos os seus alunos.
Foi uma festa! E hoje é uma preciosidade que honra a cultura de Florianópolis.

 

Hiedy de Assis Corrêa - artista plástico

Florianópolis, 40 anos, culta, província tranqüila. Nossa geração: cinema, rádio com estática, jornais atrasados do Rio e São Paulo.
Teatro: temporada de Procópio Ferreira. Artistas e exposições: Martinho de Haro, Willy Zumblick, Acary margarida, atelier do Eduardo Dias na Praça XV.
No pós-guerra, necessitamos de mais informações. Nasce o movimento de vanguarda “Grupo Sul” que renova a literatura, poesia, cinema e artes plásticas. Com ele surge o Museu de Arte Moderna, com acervo de primeira grandeza.

Museu: ponto de encontro para vários movimentos na velha casa da Tenente Silveira, antigo Club Germânia, ponto integrante na nova vida cultural. Apesar de pouco caso dos governantes durante quatro décadas, o Museu de Arte de Santa Catarina está aí, firme, sólido na sua missão de apoio e informação para novas gerações.

 

João Otávio Neves Filho - Janga - artista plástico

Passei tardes e tardes de minha adolescência contemplando as telas de Djanira, Volpi, Pancetti e outros expostos no casarão da Tenente Silveira que abrigava o MAMF (atual MASC).

Ali expus pela primeira vez e foi no silêncio daquele casarão que me conscientizei de alguns dados que se tornaram fundamentais para a construção de minha própria linguagem.

 

 José Maria Dias da Cruz - artista plástico

“O caminho se faz dia a dia.”
 George BraqueEm 1948, num pátio de um grupo escolar, nasceu, informalmente, o Museu de Arte Moderna de Santa Catarina, fruto do trabalho obstinado de Marques Rebello. Há 50 anos, dia a dia o MASC se reinaugura. Ele guarda em seu acerco, entre outros, um certo quadro do genial pintor Martinho de Haro - uma obra-prima. E, assim, com grandeza o MASC vive.
Neste texto transcrevo uma carta de Marques Rebello, quando completou 60 anos, remetida a seu amigo Antônio Bulhões.
“Nunca pensei em chegar aos 60 anos! Não é hábito dos Dias da Cruz, mas é uma teimosia dos Rabelo Reis e creio que de tal ramo ancestral é que me bem a insistência sobre a Terra. Dou um balanço: não foi uma caminhada inútil. Fiz o possível para honrar a permanência única. Eu gastei mais ética que política para tanto. E daí não ter sido convocado para realizar muita coisa de que poderia ser capaz. É que o mundo não aprecia os éticos, não tem confiança na independência, estima mais, ou totalmente, aos que se subordinam aos jogos de conveniências. Mas até aqui não me deixou mágoa visível, ou constatável, a marginalização de minhas potencialidades. Em contrapartida vinguei-me pensando muito. E talvez pensar seja o melhor alimento para a longa vida  possivelmente o elixir que os alquimistas procuraram inutilmente. E chego aos 60 sem planos, como se tivesse esgotado o estoque de realizações. Viver já é obrigação bastante. Vivamos pois!”
Viva o MASC!

 

Lygia Helena Roussenq Neves - artista plástica

A vida do Museu de Arte de Santa Catarina está inscrita nos espaços interiores dessa obra – também a minha vida repousa em 30 dos cinqüenta anos dessa história que se fez da soma de muitas luzes. Da centelha inicial de Harry Laus, notório entre os mentores da cultura catarinense, à edição de Biografia de um Museu – em que se releva a visão refinada de Wander e Laurita Weege, da Malwee, notáveis apoiadores das artes em Santa Catarina – , houve o hiato necessário para que o livro deixasse o seu estado imaterial e setornasse realidade. Afinal, a ausência dessa obra era um silêncio por demais visível nas artes de nosso estado. O  silêncio queora se faz palavra, diálogo e convívio.
Por todo esse histórico de trabalho e de sonho, rememorando a fase em que estive na Superintendência da Fundação Catarinense de Cultura (fase essa em que a vinda de artistas do nível de Fayga Ostrower e Tomie Ohtake inspiravam a alma de nossa política cultural), partilho com os meus parceiros de percurso, Jayro Schmidt, Nancy Bortolin e Terezinha Franz, a celebração dessa conquista que pode ser a pedra de toque de um novo olhar sobre a arte de Santa Catarina.  Biografia de um Museu pode ser lido como inventário de luz cristalina”.

 

Maria Cecília França Lourenço
Professora de História da Arte da
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
de São Paulo e Coordenadora da
Comissão de Patrimônio Cultural da USP

 Os museus brasileiros têm sido implantados em distintas regiões e épocas, sendo muitas vezes acompanhados por grandes esperanças, que extravasam o campo artístico, porquanto visam construir uma sociedade mais justa e capaz de se comover com o novo. Com sonhos, critérios e estratégias públicas, alguns cumprem as recomendações relativas ao que se considera como museu, propostas na atualidade pelo Conselho Internacional de Museus (ICOM), órgão da Organização das Nações Unidas (ONU). Dentre estas instituições, pode-se inserir o Museu de Arte de Santa Catarina, nascido como Museu de Arte Moderna de Florianópolis, na época em que moderno se associa a arrojo, vanguarda e transformações.
O ideal de criar uma instituição forte e voltada para emular a arte moderna aos catarinenses está diretamente ligada aoescritor Marques Rebelo, na verdade Eddy Dias da Cruz (1907-1973), lembrado mais pela adaptação para cinema de seu livro “A Estrela Sobe”, o que se constitui num equívoco por sua atuação junto aos museus. Desde 1945 vinha organizando exposições modernas, quando então reúne 78 obras, viajando para várias cidades argentinas e para Montevidéu. Já nessa oportunidade, estabelece umpadrão qualificado na escolha dos componentes e na estratégia cultural. Marques Rebelo, sabendo que o mero evento pouco modifica e deixa frutos, a cada mostra promove debates e palestras, editando catálogo com dados sobre as obras e sobre os artistas, acompanhado de reproduções e de estúdio histórico-crítico, de modo a ampliar o público envolvido com a arte moderna.
Cuida de detalhes desde os contatos locais, procurando garantir êxito para a iniciativa, valendo-se de seus colegas escritores para estabelecer a necessária relação com o meio, cabendo em Florianópolis essa função ao Grupo Sul, que renova no questionamento contra o passadismo. Rebelo procura, nos diversos lugares, atrair aqueles mais inconformados e desejosos de uma renovação cultural, indispensável para se pensar em implantar uma instituição museológica. Sensível, sabe agregar os valores da terra, evitando a reação natural do artista de se sentir desprestigiado em sua própria cidade, selecionado-os à exposição. Consegue vender obras, dando início às primeiras coleções locais, importantes para ressaltar e fazer circular a obra moderna, além de também viabilizar financeiramente a iniciativa.
Correspondências entre Marques Rebelo e o escritor mineiro Francisco Inácio Peixoto revelam as estratégias adotadas para criar museus, através da colaboração de intelectuais destacados no meio. Explica que recolhera obras e recomenda que quando essas chegassem dever-se-ia realizar uma exposição, sendo convidados pessoas e procurando-se interessá-las para a compra. Colocaria uma taxa de 10% do valor real, para angariar fundos destinados a compras de peças para o futuro museu de Cataguases (MG), aberto após o de Florianópolis. Acrescenta: “Você, em todo caso se achar alguma coisa interessante para o museus poderá incluí-la imediatamente no acervo efetivo do museu. Como também se achar inútil, tiver preguiça, etc, de fazer a exposição para venda, meta tudo logo no museu e está acabado. A sugestão é apenas porque temos feito assim e tem dado resultado.”
A mostra de Florianópolis conta com 75 obras, com atenção para a arte moderna brasileira, a incluir Lasar Segall, Cândido Portinari, Emiliano di Cavalcanti, José Pancetti, Alfredo Ceschiatti, Bruno Giorgi, Milton Dacosta e Iberê Camargo, além de estrangeiros como Fernand Léger, Raoul Dufy, Maurice de Vlaminck e seu favorito André Derain. São valores significativos e apreciados pela primeira vez por grande número de espectadores, antes mesmo do desapontar da Bienal paulista, mostrando seu caráter inovador. Apela para doação de participantes, resultando no Museu uma coleção inicial de 17 obras.
Curioso observar que Rebelo se envolve diretamente com a iniciativa e emcomenda ao arquiteto Flávio de Aquino um anteprojeto para futura sede, composto por duas salas exposicionais sobrepostas em dois andares, havendo uma ala formada por auditório. Inicialmente haveria apenas um andar térreo, porém com perspectiva para futura ampliação, quando se consolidasse a fase inicial. Pouco menos de dois meses, informa reversão dos planos, alegando que o artista Tomás Santa Rosa julgara exagerada a escala das diferentes partes. Detém-se nos detalhes e aproveita para insuflar o habitual espírito crítico: “(...)quando fizer as novas vitrines não é preciso pedir modelo a criaturas tão importantes  como o copiador Le Corsbusier. Fale com Quincas e ele fará vitrines que o visitante possa ver à altura dos olhos. Aquelas em que o visitante veja para baixo debruçando estão boas para museus de filatelia ou numismática.”
Os MAM’s fundados por Marques Rebelo nascem ligados ao poder público, o que possivelmente explique a sobrevivência de ambos, ao contrário do de Cataguases, que fica ligado à iniciativa privada. São lições importantes neste momento privatizacional vivido pela realidade política brasileira, sinalizando posição contrária à atual tendência. Igualmente sobrevivem pela atuação de uma série de pessoas da comunidade, aliadas aos técnicos e a inuméricos diretores, todos dedicados a trabalhar para o bem comum, levando a instituição a ter motivos para comemorar o cinqüentenário do Museu de Arte. Sempre há elementos a serem aperfeiçoados e,com certeza, a crítica e a autocrítica programadas para tal oportunidade poderão indicar sólidos caminhos a serem trilhados pelo Museu. Fazemos votos de que a volúpia de Marques Rebelo e a do Grupo Sul seja aprofundadas para que se avance ainda mais nas conquistas obtidas nesse longo período.

 

Nelson Aguilar - crítico de arte

O Museu de Arte de Santa Catarina tem algo do promontório de Sagres ou do cabo Canaveral, no sentido de propiciar a revelação de espaços novos a visitantes, especialmente os do eixo Rio-São Paulo. Nele, experienciamos o alargamento dos sentidos através de outras possibilidades de ser brasileiro. A equipe do MASC segue essas descobertas com um ar divertido e irônico, pois estão cientes da diversidade e da riqueza local. Não somente pelo fato de abrigar o Salão Nacional Victor Meirelles, fato que indica uma abertura de espírito rara mesmo entre desbravadores da arte, mas por seu núcleo de pesquisas que sedimenta através de publicações reputações como as de Luiz Henrique Schwanke, de Eli Heil ou os da diáspora catarinense como Ivens Machado, todos sob a ascendência do ativo e histórico criador da “Batalha dos Guararapes”.  Um museu faz-se às custas da clarividência dos que amam a terra. Em Florianópolis, a limpidez da instituição deixa ver o nome primeiro da cidade, Desterro. A nomeação cobre todo o estado, uma vez que o lugar é o da acolhida e a capital, numa configuração subtropical de uma Europa móvel, assume residência insular, privilegiada por imigrantes açorianos, que vincam a arte e o modus vivendi da região. O museu tem a responsabilidade de cobrir todo esse vasto ciclo cultural, amparado pelo governo e, façamos votos, pela iniciativa privada, a qual, pelo desprendimento dos empresários, justifica espiritualmente sua integração na comunidade.

 

Onor Filomeno - Presidente da AAMASC

Na Roma antiga, Marco Agripa defendia a idéia de que as obras de arte deveriam ser mostradas a todos sem distinção, mas apenas em 1750 é inaugurado, pelo governo revolucionário, o primeiro museu público na França, socializando obras de arte até então apreciadas por poucos homens pertencentes a uma mesma casta considerada especial.
O Museu de Arte de Santa Catarina – MASC – nasceu no século XX sob o signo de grandes transformações artísticas e sociais. Os antigos e ultrapassados conceitos da atividade museológica estavam sendo questionados. Já não bastava colecionar, catalogar e expor competentemente. Os museus públicos e particulares estavam se transformando em centros culturais vivos, desenvolvendo atividades, organizando não só a história, mas principalmente apoiando, participativamente todas as novas manifestações da criação humana.
Conheço relativamente bem o MASC dos últimos 20 anos e sei da difícil luta empreendida diariamente por aqueles que lá trabalham ou deixaram sua contribuição na construção de um museu público, aberto e receptivo principalmente em seu fundamental apoio às novas gerações de artistas, suas inquietações e questionamentos. Se a obra de arte for realmente dessacralizada (mantenho minhas dúvidas), os museus não podem continuar sendo apenas um altar diante do qual o público se ajoelha e se conforma, devem provocar a ira ou o entusiasmo, estimular a discussão, auxiliar na formação de um novo público, lutar contra o imenso abismo que novamente se abre entre a casta especial dos escolhidos e aqueles marginalizados por sua condição cultura1 ou econômica.
O MASC tem se contraposto às indiscutíveis dificuldades financeiras, burocráticas e administrativas do setor público como símbolo de trabalho e resistência; uma instituição que deseja extrapolar seus limites e contingências para cumprir suas inquestionáveis e fundamentais funções públicas.

 

 

Osmar Pisani
Coordenador da Seção Regional Sul  da ABCA
       

O primeiro Museu de Arte brasileiro a ser criado por Lei, o MASC, acaba de receber da Associação Brasileira de Críticos de Arte, o Prêmio Menção Honrosa, em nível nacional. É um órgão que essencializa a cultura catarinense pela qualidade de suas exposições e sobretudo pelo dinamismo que imprime às atividades ali desenvolvidas.

 

Sandra Makowiecky Sal
professora de História da Arte do
CEART/UDESC

O Museu de Arte de Santa Catarina, criado em 1949 e inaugurado em 1952 percorre uma trajetória que o transforma em uma instituição impar no Estado. É um museu que submete a apresentação e a ordenação de seu acervo a constantes críticas, buscando inserir possibilidades de novas interpretações, enriquecidas através da procura de um relacionamento maior com o fato social e com a vida cultural da comunidade.
Como instrumento na educação, pauta sua conduta numa linha que busca a agilidade e grande flexibilidade, onde o ato de guardar mantém a memória viva, ao mesmo tempo em que permite um contínuo renovar.
Atento para a permanente valorização e revitalização da produção artística e cultural brasileira, tem o MASC cumprido seu papel de instituição cultural, procurando viabilizar seu papel no quadro mais amplo da política educacional do país e, nessa medida firma-se como um espaço público voltado para democratizar o acesso aos bens culturais e o diálogo com a comunidade a quem serve. Este tem sido, a meu ver, o maior mérito do MASC e sabemos que este não é um papel difícil. Fica aqui, o registro de um reconhecimento público a uma instituição em que tanto aprendi - e que aprendi também a conviver e a respeitar.

 

Thalma de Oliveira Rodrigues
artista plástica e coordenadora do Atelier
Livre de Desenho do Museu de Arte da
Pampulha - Belo Horizonte

Sálvio de Oliveira, meu pai, foi um homem inteligente, dinâmico e empreendedor. Entre as inúmeras façanhas que realizou em nome deste impulso em direção ao fazer cultural a que lhe dava mais orgulho era ter sido o primeiro diretor do MASC, “o filho querido” criado com amor e entusiasmo.
Este orgulho e encanto pela terra natal, nascido do mar e das belezas de Santa Catarina, que todo catarinense traz no coração, e que ele deixou registrado em “ILHA”, sua coletânea de versos inéditos.

 Entre eles ...VENTO SUL
... Vento sul moleque levado
que chega zunindo
que solta pandorga
levanta papéis
restos de jornais
de coisas passadas...
pedaços de vida
Intrigas
Malícia
Misérias e dores!
Pedaços de vidas
Que o tempo esqueceu!

Mas o trabalho de implantação do MASC e do teatro Álvaro de Carvalho eram constantemente lembrados por Sálvio como as suas mais importantes realizações em todos os lugares onde sua vida o levou, da Argélia ao interior de Minas com a Barca da Cultura subindo o Rio São Francisco.
Dedicou ao MASC um sentimento quixotesco de quem sonhou o sonho impossível e o viu realizado.
Exultava porque sabia que o sonho continuou sendo sonhado e realizado por aqueles que depois dele conduziram o MASC, mesmo enfrentando todas as barreiras que se impõem aos empreendimentos culturais, conseguiram que este Museu completasse 50 anos em atividade.
E ele sabia que isto só foi possível porque à frente deste museu estão pessoas que um dia acreditaram que através da ação cultural e educativa, este país grande se transformará num Grande País.

 

Visita "Do cheio e do vazio: MASC, uma história em construção" mostra ao público história e parte do acervo do Museu

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